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NieR Replicant ver.1.22474487139… e o conceito de obra de arte jogável

NieR Replicant ver.122474487139… foi um esperado relançamento do NieR original. O jogo foi anunciado ano passado como uma nova versão de NieR, focando no protagonista da versão japonesa (o irmão), remasterizando o título e incluindo novos conteúdos. Lançado em Abril, aguardamos concluir todos os finais para analisar o título.

O jogo conta a história de dois jovens irmãos num futuro medieval, milhares de anos após uma calamidade que quase acabou com a humanidade. O mundo é cheio de sombras violentas que matam e consomem os ainda humanos, e uma doença grave e incurável toma vidas diariamente. Um dos dois jovens, Yonah, a irmã mais nova do protagonista, Nier, tem essa doença e desde jovem o irmão busca uma cura para irmã. Sozinhos em uma pequena vila, ele é um faz-tudo que trabalha para sustentar sua casa e cuidar de sua irmã. Ao ser sequestrada logo no começo do jogo, Nier resgata sua irmã junto de um grimório mágico chamado Weiss e logo faz mais amigos, como a amaldiçoada Kainé e o distorcido Emil. Juntos, eles descobrem uma forma de curar Yonah e assim começa a jornada de personagens traumatizados e quebrados atrás de uma cura que nem se sabe se existe.

O jogo é um JRPG de ação com combate hack and slash, muito próximo do de NieR Automata. O protagonista pode utilizar inúmeras armas que encontra ao longo do jogo, além de fazer upgrades nas mesmas e acoplar a elas palavras mágicas que dão buffs específicos. Existem três categorias de armas. Além dessas armas, o grimório possui uma mecânica de “shoot ‘em up”, com diferentes magias que podem ser utilizadas pelo protagonista, tanto para combater os inimigos quanto as magias dos mesmos que também funcionam como “shoot ‘em up”.

A exploração de mundo é seccionada, contendo alguns espaços em “top-down” e outros em 2D. O jogo raramente limita o jogador de ir e vir e permite que missões possam ser feitas fora de ordem. A narrativa aqui varia de formato constantemente, seja por “timeskip”, puro texto, “cutscenes” e mais. Isso traz um frescor para todos os momentos do jogo. O jogo também conta com diversas missões secundárias que justificam o protagonista ser um “faz-tudo”. Diversos aldeões tem pedidos que costumam ser quests de procurar por itens ou levar objetos de um lugar para o outro, o que consegue ser extremamente repetitivo, principalmente para cumprir um dos objetivos para finais importantes do jogo que é conseguir todas as armas (e para pegar todas as armas você precisa tanto de armas exclusivas de missões quanto armas compradas, e você só consegue dinheiro fazendo essas missões).

Felizmente ao finalizar uma rota o jogador mantém as armas e itens das rotas anteriores, o que evita rejogabilidade de caçadas ao tesouro. Cada rota conta a história de uma perspectiva diferente, e algumas rotas incluem momentos a mais no final do jogo. Assim como as side-quests, as primeiras rotas são extremamente repetitivas pois exigem que o jogador refaça todo o jogo apenas para contemplar algumas falas a mais, o que foi muito melhor executado em NieR Automata, que muda o conteúdo de cada rota, mesmo contemplando o mesmo espaço-tempo da história. Felizmente a história de NieR Replicant tem personagens muito mais cativantes que Automata, além de uma história extremamente emocionante que prende o jogador de começo ao fim.

As discussões filosóficas de NieR Replicant são múltiplas assim como a de seu jogo sequência. O trabalho de Yoko Taro é poderoso, sensível e abrangente. A polêmica de identidade de Kainé, que é profundamente explorada aqui e traz grandes reflexões sobre o tema, da grande destaque pra personagem. Nada aqui é forçado ou exposto como algo deslocado como muitas obras ocidentais tentam fazer, mas sim apresentadas sutilmente e de forma extremamente natural. Emil também tem problemas de identidade, diferente de Kainé, mas também é apresentado da melhor forma possível. O arco de todos os personagens, até os menos aparentemente relevantes NPCs são cautelosamente trabalhados para que o jogador se sinta inserido no papel de Nier e sinta carinho por todos, criando um universo acreditável e memorável. Isso tudo sem falar sobre Grimoire Weiss, um dos melhores personagens de todos os tempos da história dos video games, que é um mísero livro flutuante.

A trilha sonora de NieR Replicant faz jus ao nome da franquia. Pra quem jogou só o Automata, já da pra sentir diversos tons similares, mas possui identidade própria e traz grande emoção a todos os momentos que toca. Grande destaque a “Song of Ancients”.

PROS:

  • Jogabilidade frenética;
  • História poderosa;
  • Personagens humanos e cativantes;
  • Exploração aberta e generosa;
  • Variedade de jogabilidade.

CONS:

  • Repetitividade de side-quests e finais iniciais.

PLATAFORMAS:

  • PS4 (plataforma analisada);
  • PC;
  • Xbox.
Jogabilidade:Qualidade dos controles10
Design9
História:Enredo10
Narrativa9
Arte:Gráficos9
Direção artística10
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora10
PortEstabilidade9
Otimização9
NOTA FINAL:9.5

Apesar da repetitividade de alguns elementos do jogo, NieR Replicant é um dos melhores RPGs modernos, superando até sua famigerada sequência NieR Automata. Seu universo, história e personagens são humildes mas únicos, poderosos e cativantes e prendem o jogador do começo ao fim. Título obrigatório para fãs do gênero.

Engenheiro de Software, Game Dev e Criador de Conteúdo.

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