Trek to Yomi – uma bela tentativa
Trek to Yomi é o novo jogo da Flying Wild Hog, publicado pela Devolver Digital. O jogo é uma experiência indie de ação e aventura que foca tanto no combate quanto na imersão atmosférica, que propõe uma semelhança com clássicos do cinema japonês das décadas de 50 e 60. Trek to Yomi conta a história de Hiroki, um samurai cujo principal objetivo é proteger sua vila, sua esposa e o legado de seu mestre, se encontra num amontoado de infortúnios causados pelo destino.
O jogo, apesar de apresentar uma proposta atmosférica, é bem direto ao ponto. O tutorial é rápido e ensina tanto comandos básicos de combate, como como progredir, e dá uma leve introdução ao mundo em questão. A ambientação é um dos pontos de maior destaque aqui, visto que há uma imensa atenção aos detalhes, quanto externos quanto internos. Houve um verdadeiro e digno de trabalho na mesma.
Assim como Ghost of Tsushima, lançado há pouco tempo e analisado no Café, Trek to Yomi traz uma visão realista do Japão feudal (mesmo que em parte) e isto deve ser enaltecido. A cinematografia daqui é espetacular, e felizmente, não é o único ponto forte do jogo, já que seu combate é extremamente bem desenvolvido e apresenta uma progressão interessante.
Apesar de ser um jogo 2D, o visual do jogo cria um bom desafio para os jogadores, visto que é em preto e branco. Muitos detalhes existem nos cenários, o que esconde vários segredos. Nestes, o jogador encontra diálogos secretos, expansões de inventário e até munição para os atiráveis. Apesar do ritmo frenético, o jogo incentiva aos poucos o jogador a explorar cada canto visível (ou até invisível) do mapa.
O combate é bem desafiador e lembra muito de outros jogos do gênero, porém consegue ser extremamente flexível e acessível ao jogador. Diferentes níveis de dificuldade estão presentes, o que é bom para os jogadores que buscam experimentar a história sem muita dor de cabeça, ou então, para aqueles que estão buscando um desafio técnico maior. Independentemente, o jogo satisfaz como uma experiência cinematográfica que não abre mão de um verdadeiro desafio que pode ser chamado de video game.
Em contrapartida, a história do jogo tem alguns problemas de continuidade cuja menção é essencial. Provavelmente devido ao escopo da produção, sente-se que a história se apressa muito para apresentar seus personagens e acaba os desenvolvendo de maneira muito rasa. Até chegar no “clímax” o jogo acelera desnecessariamente em momentos muito pesados da história, o que tira peso importante dos acontecimentos destaque. A história não é ruim por se dizer, mas não dá tempo ao jogador para se sentir investido nos personagens o suficiente para se sentir motivado em continuar. Isto torna o jogo um pouco maçante e repetitivo, visto que não há muito incentivo fora o desafio do jogo ou exploração da ambientação (que não é muita) para continuar.
O jogo foi analisado no PlayStation 5 e alguns bugs graves foram encontrados por nossa equipe de análise. Ao jogar com o controle carregando, o jogo detectava toque inexistente no touchpad, vezes suficientes para se tornar inviável a jogatina com o mesmo com bateria baixa. Além disso, os inimigos, que frequentemente cercam o jogador, puderam prensar o jogador de forma que o timing da animação de dano no mesmo era exatamente igual o tempo de reação, trancando o mesmo numa posição por segundos o suficiente para o mesmo ser derrotado sem mesmo chance de defesa ou contra-ataque.
PROS:
- Combate bem desenvolvido;
- Ambientação rica e interessante;
- Visual e som atraentes;
CONS:
- História batida;
- Experiência pouco memorável;
- Bugs imprevisíveis.
PLATAFORMAS:
- PC;
- PlayStation 4 e 5 (plataforma analisada, chave concedida pela Devolver Digital);
- Xbox One/S/X.
NOTAS:
Jogabilidade: | Qualidade dos controles | 9 |
Design (Level design, imersão) | 8 | |
História: | Enredo | 7 |
Narrativa | 5 | |
Arte: | Gráficos | 8 |
Direção artística | 7 | |
Audio: | Efeitos Sonoros | 9 |
Trilha Sonora | 7 | |
Port | Estabilidade | 7 |
Otimização | 7 | |
Nota Final: | 7.4 |
Trek to Yomi é um esforço apreciável de um time de pequeno porte ocidental de fazer um jogo com temática oriental, mas infelizmente peca como muitos outros ao tentar trazer uma experiência tecnicamente ocidental. O jogo foca demais em ser visualmente impressionante, a ponto de esquecer de fazer uma história que valha a pena ser conferida. O combate salva muito o que é apresentado aqui, com desafio interessante e até surpreendente, mas o resultado final parece incompleto, mesmo com tantos acertos.