Dreadout 2: horror clássico explorado em novo território

 A Digital Happiness consagrou o Switch, em 18 de janeiro de 2024, com uma sequel da série que é, possivelmente, a melhor representação do folclore indonésio em um jogo indie de terror. Dreadout 2 nos leva até a protagonista do jogo antecessor, Linda Melinda, tempos após sua experiência traumática do primeiro jogo. Linda, uma professora, e mais cinco estudantes, ao voltarem de um acampamento, acabam sem querer em uma cidade abandonada e são forçados a entrar na escola local para procurar um dos estudantes que sumiu repentinamente.

Após ser a única sobrevivente, Linda passa a ser odiada pelos seus colegas de classe e tenta a todo custo voltar para uma vida normal, mesmo assim o pesadelo interminável continua, dessa vez na sua cidade natal.

O gameplay é essencialmente um derivado de Fatal Frame em terceira pessoa. Novos aspectos foram implementados, agora é possível acessar diversas funções dentro do celular, por meio de aplicativos que mostram: variedades de aparições e fantasmas já encontrados pelo jogador (Ghostpedia), todas as fotos tiradas pelo celular da personagem (Photos) e anotações sobre o seu próximo objetivo (notes).

Para quem não sabe, na cultura asiática, acredita-se que a essência de um espírito ou fantasma pode ser aprisionada dentro de uma fotografia. E, da mesma maneira que Rei Kurosawa usou sua máquina fotográfica como arma no primeiro Fatal Frame, Linda faz o mesmo no primeiro jogo, só que seus alvos são espíritos de lendas urbanas da Indonésia.

A segunda edição de Dreadout, porém, transporta Linda para dimensões alternativas de sua cidade natal onde todas as criaturas são de carne e osso. Graças a isso, o combate corpo a corpo é introduzido como um novo aspecto do gameplay. Linda agora consegue usar facas e machados contra os espíritos, fortalecendo a segurança do jogador ao não depender apenas de fotografias como arma principal.

Outro detalhe importante foi a expansão do mapa em comparação ao primeiro jogo. É possível navegar por diferentes pontos da cidade por meio de um aplicativo de táxi. A estrutura dessa nova mecânica é bem semelhante àquela utilizada em Shin Megami Tensei e Persona.

Os gráficos tiveram um upgrade considerável e, mesmo tendo seus momentos de inconsistência, Dreadout é o tipo de jogo que compensa a falta de polimento visual com uma história envolvente e perturbadora.

O jogo introduz o jogador a uma cultura muito pouco explorada em jogos de horror, e faz isso de uma maneira detalhadamente impecável: folclore da Indonésia. Dreadout 2 posiciona diversas assombrações indonésias contra a protagonista e fortalece o conhecimento do jogador a respeito delas conforme a lore progride. O único problema é que, comparado ao primeiro jogo, a sequel oferece uma variedade menor de espíritos, e, muitas vezes, os inimigos se repetem em diferentes locais.

O jogo é composto por várias dimensões alternativas macabras de locais da cidade interiorana em que Linda vive. Ele mescla segmentos normais de alívio cômico da vida real de Linda com segmentos nessas dimensões, causando uma quebra de ritmo não necessariamente boa para um jogo de horror. Dreadout 2 vai de “correr atrás de gatinhos para recuperar a sapatilha da sua amiga” para “escolas ensanguentadas repletas de demônios” em questão de minutos. Tal aspecto pode alterar uma experiência mais imersiva para o jogador dentro desse gênero.

Porém, quando a imersão ocorre, ela é conduzida de maneira excelente em cada detalhe que é incluído nas dimensões macabras: insetos, ambientes sujos e destruídos, paredes cobertas de sangue, imprevisibilidade de fantasmas e espíritos, gritos ultrarrealistas e possessões de seres humanos. A Digital Happiness estudou todos os detalhes de lendas da Indonésia e conectou eles de maneira cautelosa dentro da lore e da ambientação de Dreadout 2.

A cultura da Indonésia também é muito bem representada nas cenas do dia-a-dia: comidas típicas, vestimentas e regras escolares. Para a ambientação do jogo ficar ainda melhor, é disponibilizada a opção de dublagem indonésia com legendas em inglês.

O gameplay exige do jogador uma atenção extra para o tipo de inimigo que ele está enfrentando. Fantasmas não podem ser vistos a olho nu e só podem ser expostos pela câmera de Linda. Qualquer falta de atenção dos arredores pode levar a ataques inesperados e até mesmo uma morte repentina.

É imprescindível, também, que o jogador tenha jogado o primeiro Dreadout, uma vez que o jogo só fornece um resumo vago do que ocorreu no primeiro game e isso afeta diretamente o entendimento do ponto chave dessa franquia: a história e os personagens.

Apesar de gráficos instáveis e uma mudança considerável de ritmo em comparação ao seu antecessor, Dreadout 2 é um prato cheio para fãs de jogos como: Fatal Frame, Siren, Kuon, Rule of Rose e Haunting Grounds. Ele pega as melhores características do gênero de horror asiático e mescla perfeitamente com elementos de uma cultura desconhecida no mundo dos games. A premissa de tensão presente nos jogos é aplicada com originalidade, e é capaz de fazer até mesmo fãs longínquos do gênero se sentirem desconfortáveis.

PROS

• Expressão fidedigna de um folclore desconhecido;
• Disponibilidade maior de mecânicas de gameplay em comparação ao jogo antecessor;
• Elementos de horror psicológico asiático espontâneos e criativos;
• Ambientação muito bem executada;
• Excelente desenvolvimento de personagens.

CONS

• Gráficos com inconsistências e bugs ocasionais;
• Gameplay que quebra o ritmo de imersão proposta pelo gênero do jogo;
• Menor variação de espíritos e aparições em comparação ao jogo antecessor;
• Combate ocasionalmente repetitivo e imprevisível.

PLATAFORMAS

• Playstation 4/5;
• Nintendo Switch (plataforma analisada, chave concedida pela publisher);
• Xbox One/Series;
• Windows – PC (Steam).

Jogabilidade	Qualidade dos controles	7
	Design (Dificuldade, level, criatividade)	6
História	Enredo	9
	Narrativa	9
Arte	Gráficos	5
	Direção artística	7
Áudio	Efeitos Sonoros	8
	Trilha Sonora	7
Port	Estabilidade	6
	Otimização	6
NOTA FINAL		7.0