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Animal Crossing New Horizons – uma nova ilha e uma nova aventura!

Depois de meses de espera desde seu anúncio e anos de espera desde seu antecessor, Animal Crossing: New Horizons foi lançado para o Nintendo Switch em meio à pandemia de Covid-19, algo que acabou marcando a experiência dos jogadores. Porém, há tantas camadas envolvendo este título que resumi-lo à “o jogo da quarentena” chega a ser ofensivo e desmerece todas as qualidades e evoluções que ele representa para a franquia Animal Crossing, que alcançou um arrebatador número de vendas e fez história na trajetória do Nintendo Switch. Assim sendo, o que há para se falar de Animal Crossing: New Horizons depois de dois meses de jogatina?

Bem, MUITA coisa.

New Horizons é o primeiro Animal Crossing da linha principal (ignorando os spin-offs) em OITO anos. O último título, New Leaf, para o Nintendo 3DS, já havia trazido um avanço significativo para o formato portátil da franquia, mas New Horizons conseguiu reinventar ainda mais o formato “simulação” do jogo e trazê-lo para o Switch de forma mais fresca e renovada. Graças ao formato híbrido, as viúvas de Animal Crossing nos consoles de mesa da Nintendo podem aproveitá-lo na telona de suas TVs, enquanto os adeptos do portátil continuam usufruindo da facilidade do on-the-go (todo mundo sai ganhando!). O salto gráfico foi absurdamente alto, perdendo o serrilhado pesado do 3DS e ganhando mais vivacidade, efeitos mais nítidos na água, no vento, nas árvores e nas sombras no Switch. Além disso, mais opções de customização de personagem estão presentes aqui, vindas do Happy Home Designer (jogo de decoração de casas de villagers) e do Pocket Camp (jogo mobile da franquia), dois jogos spin-off que começaram a moldar essas mudanças e outras mais na franquia (que, convenhamos, sempre sofreu com customização de personagem).

A sensação de companheirismo e carinho é enorme em ACNH

ACNH, como basicamente todas as pessoas se referem ao jogo, é o título da franquia mais amigável para novatos até o momento. Considerando o tamanho da base instalada do Switch e o alcance que o console tem, já era de se esperar que ACNH fosse ser o primeiro Animal Crossing de DIVERSAS pessoas. E eu quero enfatizar aqui o DIVERSAS, porque basta abrir o Twitter ou o YouTube e usar a #ACNH para encontrar milhares de pessoas que estão se aventurando pela primeira vez na franquia, que compraram um Switch ou um Switch Lite APENAS para jogar Animal Crossing. Querendo ou não, a franquia é system seller e, como Pokémon, tem o poder de fazer as pessoas migrarem de console para não perder o novo título da sua franquia favorita. Assim, é muito agradável ver as mudanças de qualidade de vida que a Nintendo aplicou neste jogo e que facilitam muito para os novatos se acostumarem e os veteranos se divertirem mais ainda com a franquia que já conhecem tão bem. Coisas como o aumento do “bolso”, do inventário secundário, a roda de ferramentas e a customização através de itens tornaram o jogo mais dinâmico e veloz, fugindo da fórmula mais engessada dos antepassados.

A jogabilidade do jogo, basicamente, continua a mesma. Podemos pescar, plantar árvores, caçar insetos, desenterrar fósseis, interagir e presentear nossos villagers, comprar roupas, mobílias, expandir nossa casa, construir locações pela cidade, visitar amigos… A diferença é que, agora, estamos em uma ilha que podemos reconstruir praticamente do zero e criar a cidade dos nossos sonhos com muito mais facilidade do que qualquer jogador de Animal Crossing jamais sonhou. Pela primeira vez na franquia, podemos colocar mobílias do lado de fora da nossa casa, pela ilha inteira, e isso é arrebatador! Construir cafés, bibliotecas, spas, restaurantes, bosques mágicos… Praticamente não há limites quando o assunto é montar. E, falando em montar, agora podemos craftar items pelo sistema de DIY (do it yourself) usando materiais como madeira, metais e bambu, por exemplo, criando móveis, roupas, chapéus, cercas… Quase tudo que a sua imaginação puder pensar! Esse método também foi inspirado no Pocket Camp, que introduziu crafting na franquia e conta até com mais materiais, como algodão, tecidos e papel.
Um modo foto também está presente, facilitando MUITO a vida de quem sempre gostou de compartilhar momentos especiais de seu jogo com os amigos ou os looks criados pro próprio villager, bem como registrar momentos engraçados, bugs e afins.

Crafter items é extremamente divertido e diversifica a gama disponível de mobílias e roupas

Além disso, uma boa parte dos NPCs retorna neste título até a expansão do Museu, que foi a última grande expansão do jogo. Tom Nook, Isabelle, Rover, Timmy e Tommy, Leif, Redd, Blathers… Rostos conhecidos dos veteranos estão agora acompanhados por novos NPCs carismáticos como Wilbur e Orville (os irmãos Dodo nomeados em homenagem aos irmãos Wright), C.J. e Flick. Provavelmente veremos mais rostos conhecidos (e novos, porquê não?) conforme o jogo seja atualizado, então não fique triste se o seu NPC favorito não deu as caras ainda, nem tudo está perdido!
Outro fator interessante é que, em ACNH, podemos “zerar” o jogo. Através de uma lista de afazeres que manterão o jogador ocupado pelas primeiras semanas de jogatina, será possível desbloquear um show especial de K.K. Slider, um dos NPCs mais famosos da franquia, e assim subirão os créditos finais do jogo. É claro que o jogo continua, mas foi divertido ver como a equipe de desenvolvimento se preocupou em dar aos jogadores a sensação de “dever cumprido”.

Como mencionado anteriormente, graças aos avanços de Pocket Camp e Happy Home Designer, o método de customização em ACNH foi melhorado e liberado ao jogador praticamente a qualquer momento (R.I.P. Shampoodle), agora incluindo opções de tom de pele, cabelos e olhos. Isso foi uma modernização extrema do sistema anterior de customização, que exigia perguntas aleatórias para montar o personagem, as quais os jogadores anotaram e fizeram um guia online para que você pudesse, FINALMENTE, ter a aparência que quisesse. Assim, novamente, os spin-offs foram importantíssimos para moldar algumas das mudanças de qualidade de vida que ACNH trouxe aos jogadores, bem como influenciar o jogo como um todo. E nem vou falar sobre ter que “pegar um bronze” para ser mais moreno nos jogos anteriores… Complicado.
As roupas e items também sofreram um redesign e se modernizaram, bem mais detalhados e diversificados do que suas contrapartes no New Leaf.

Vestir seu villager nunca foi tão divertido e rendeu ótimas fotos!

O ponto negativo principal do jogo não é a quebra de ferramentas (olá, Breath of the Wild, tudo bom?) como boa parte do fandom gosta de reclamar, ou a opção de craftar apenas um item por vez, e sim a inconsistência da terraformagem. Liberada com o passar do tempo no jogo, a capacidade de modificar o terreno e os corpos d’água do jogo foi um dos grandes diferenciais de ACNH e algo que os fãs mais devotos com certeza surtaram ao ver. Porém, na prática, o negócio é um pouco mais complicado. A inconsistência da movimentação do villager torna o Island Designer um pouco mais complicado do que deveria ser, tanto na terraformagem quanto na cobertura de chão. Se o seu analógico for muito molenga, prepare-se para passar quinze minutos de raiva tentando apenas cobrir alguns metros do chão da sua ilha com paths (que agora são naturais do jogo e não só adquiridos por QR codes, embora você ainda possa adquiri-los dessa forma). Não há tanta firmeza no uso das ferramentas, o que faz os comandos falharem algumas vezes. Perdi a conta das crises de raiva que tive tentando simplesmente derrubar uma colina ou fechar um curso de água quando minha personagem decidia fazer o oposto do que eu queria mais de uma vez seguida porque aparentemente o analógico do Switch é muito sensível e falha na precisão necessária.

Outras falhas menores, porém importantes, são o online falho do Switch que, muitas vezes, frustra os jogadores que tentam se reunir na ilha de alguém e acabam caindo antes mesmo de aproveitar. Infelizmente não há previsão de melhora, e os jogadores precisam ter paciência na hora de se encontrarem online. Além disso, os diálogos de villagers são repetitivos quando se tem mais de um da mesma personalidade na ilha, chegando ao ponto de falarem a mesma coisa duas a três vezes no mesmo dia.

Os diálogos entre villagers geralmente são divertidos, porém repetitivos

Animal Crossing é o que chamamos de “jogo eterno”. Sempre haverá algo para você fazer, uma novidade para checar, sem falar no aumento de socialização que os villagers possuem neste título da franquia, cantando, dançando e correndo pela ilha. Não há um momento de tédio em Animal Crossing, e você com certeza passará ANOS jogando-o. A Nintendo já prometeu atualizações, pelo menos, por dois anos à partir do lançamento, então é ainda mais motivação para manter os jogadores interessados. Se você se apaixonou pelo jogo, nem se preocupe; jogá-lo sempre será tão fácil quanto respirar.

PROS:

  • A longevidade do jogo;
  • Dedicação da Nintendo em atualizá-lo por um bom tempo;
  • Sistema de customização melhorado;
  • Crafting de items dinamiza a experiência;
  • Possibilidade de decorar a ilha inteira;
  • Vasta gama de atividades para mantê-lo ocupado.

CONS:

  • Sistema de terraformagem/construção de caminhos um tanto falho;
  • Conexão online terrível;
  • Diálogos dos villagers se tornam repetitivos com o passar do tempo;
  • Ausência de conteúdos como villagers especiais.

NOTA: 9/10

PLATAFORMA(S):

  • Nintendo Switch (plataforma analisada).

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O que Animal Crossing fez comigo.

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