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Tunic – It’s dangerous to go alone, Ѭझ അऔ

Tunic é um jogo cujo maior impacto depende de saber o mínimo possível dele. É uma forma estranha de se abrir um review, mas caso tenha o mínimo de interesse em um jogo com inspirações modernas e clássicas para entregar uma experiência estranhamente nostálgica, ele com certeza não irá decepcionar.

Caso ainda tenha dúvidas, Tunic é um jogo feito por Andrew Shouldice com uma leve ajuda da publicadora Finji. Inicialmente o jogo se apresenta como um clone de Zelda, porém fica logo aparente que houve bem mais inspirações do que isso. Soulslikes dão a cara também com o sistema de upgrade ser atrelado ao dinheiro do jogo, bonfires que resetam os inimigos, uma bloodstain quando é derrotado (que por qualquer motivo apenas te custa 20 gemas, o que é obtido por 2~3 inimigos). Perto do final ainda é possível traçar uma similaridade com um outro jogo, mas apenas mencioná-lo já seria um spoiler em parte.

Contudo, não se deixe enganar, Tunic é muito mais do que a soma de suas partes. Não é um Zelda com mecânicas soulslike, é um jogo próprio com uma visão clara – um ode ao game design de antigamente fazendo uso de artifícios modernos para tal fim. Ao iniciar um novo jogo não há tutoriais, mensagens, ou qualquer indicador. Apenas uma raposinha acordando nos arredores de uma praia. Os botões são descobertos por experimentação e prompts na tela, mas para realmente capturar o sentimento de um jogo dos anos 80~90, Tunic usa uma linguagem própria de símbolos para tudo.

Complementando esse sistema, existem páginas do “manual de instruções” do jogo espalhados pelo mapa, e essa é a verdadeira alma de Tunic. Enquanto a indústria ainda estava em sua infância, traduções eram um luxo permitido apenas a títulos de “grande” produções, e mesmo assim estavam repletos de erros que dificultavam a compreensão. A internet também não estava sequer perto das proporções que vemos hoje, reclamar de uma tradução errada era impossível. Não havia como marcar a empresa no twitter e fazer campanha de hashtag para ser notado. Afinal de contas, nem sequer patches existiam. Um jogo era final no momento de lançamento. “All your base are belong to us” era tudo que se tinha para entender o contexto do que estava acontecendo.

Mecanicamente, é um jogo simples. O combate é funcional, o menu é padrão, a movimentação é na velocidade certa, a história é diminuta, nem mesmo a raposa pode ser considerada a protagonista da história. Tunic é um duelo de interpretação e dedução entre o jogo e o jogador. Descobrir novas mecânicas, entender o que cada item faz, procurar por segredos, achar o caminho para progredir a história e se perder num mundo sem direções na sua língua. Porém tudo isso é feito com considerável cuidado e detalhes para ser desvendado pelo jogador e mais ninguém. Compartilhar informações ou incentivar a compra de um guia de estratégia eram a forma de se navegar por esses problemas, mas Tunic entrega tudo que é necessário para completá-lo de forma satisfatória.

O único ponto negativo do jogo é que caso a idéia de relembrar os velhos tempos de videogames não seja algo de interesse, Tunic oferece pouco além disso. É um jogo competente em tudo que faz, seus visuais são ótimos, o combate é divertido e chefes são particularmente excelentes, a exploração é legal, mas nada se sobressai tanto quanto decifrar as charadas escondidas atrás de sua linguagem fictícia. Tunic é “legalzinho” no pior dos casos e extremamente marcante no melhor.  

Um dos melhores exemplos da atmosfera de Tunic
Uma porta fechada e sem maçaneta é um ótimo resumo do que o jogo espera do jogador.

PROS:

  • Um dos designs de jogos mais únicos da indústria;
  • Nostalgia e novidades na medida certa;
  • Ótima direção artística;
  • Excelentes batalhas contra chefes;
  • Exploração e segredos são extremamente satisfatórios e recompensadores.

CONS:

  • A trilha sonora, apesar de boa, pode ficar extremamente repetitiva;
  • Oferece pouco fora do seu tema de “game design clássico”;
  • A versão MS store tem vários problemas de estabilidade.

PLATAFORMAS:

  • PC – GOG, MS Store (Gamepass, Plataforma analisada), Steam;
  • Xbox One / Series.

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles9
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)10
História:Enredo9
Narrativa10
Arte:Gráficos9
Direção artística10
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora9
PortEstabilidade8
Otimização9
NOTA FINAL:9.3

Tunic provavelmente se tornará um sleeper hit. Ter lançado tão próximo de Elden Ring vai fazer com que muitos que já estão exaustos da idéia de manter um caderninho com anotações não ter a paciência necessária para jogá-lo nos seus termos. Como alguém resistente a qualquer tentativa de apelo a nostalgia, Tunic é excelente em emular o sentimento enquanto faz uso de todas as ferramentas modernas. Pode não ser um título que vai criar ondas e repercussões pela indústria, mas é uma comemoração de até onde chegamos e o que perdemos desde então. Especialmente tendo em vista que um dos problemas recentes da indústria é a preservação de jogos antigos, Tunic é um ótimo lembrete das raízes que hoje sustentam esse gigante. É um jogo que ඣఘଛ ණඉඎ ଆఱ.

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