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Final Fantasy 7 Remake – o que foi isso?

Esta análise não contará com spoilers.

A lembrança do anúncio desse jogo é lendária. Talvez um dos anúncios de video games mais importantes e marcantes já feitos, é difícil crer que Final Fantasy 7 Remake já está nas mãos dos jogadores. Sua recepção foi assombrosa e seu final abriu portas jamais imaginadas, respeitando o passado e abrindo uma asa só para o futuro (trocadilho).

É importante lembrar que FF7R não conta toda a história desse título. O jogo possuirá continuações (seja numeradas ou nomeadas) e estas envolvem a maior polêmica deste Final Fantasy.

O desenvolvimento de FF7R começou anos antes dos últimos dois jogos do multiverso, sendo estes Final Fantasy XV e Kingdom Hearts III. É importante destacar que Kingdom Hearts III apenas conta com participações de Final Fantasy, sendo uma série de crossovers da empresa. Estes dois últimos jogos foram altamente criticados pela falta de recursos direcionados a estes, devido as múltiplas produções simultâneas em questão – estas três, no caso, que possuíram estranhas finalizações que foram um 8 ou 80 para os fãs.

De qualquer maneira, Final Fantasy VII Remake propõe uma revisita a história original, por muitos considerada mal polida devido ao seu tempo de lançamento. Personagens que eram meros coadjuvantes recebem grandiosa atenção e participação aqui – este título, com aproximadamente 40 horas de duração, corresponde apenas às cinco primeiras horas do original, que é a passagem dos protagonistas por Midgar.

Midgar é um dos mundos mais vivos já feitos na história dos video games. As cidades são vivas, explodindo de atividades para se fazer e problemas para se resolver. A história, apesar de ligeiramente linear, corrigiu um problema extremamente frustrante de Final Fantasies lineares passados – o que antes era um corredor sem vida (mas extremamente bonito), agora é um mundo apertado, vibrante e perigoso. Os mapas apesar de pouco variados, encontram-se dentro do esperado de um mundo completamente decadente e poluído e nenhum personagem residente deste deixa a desejar.

Falando em personagens, é importante destacar cada um deles. Evitando citar nomes, todos possuem um charme extremamente cativante, até os mais detestáveis possíveis. O elenco foi excelentíssimo em seu trabalho e deu mais vida à alguns dos personagens mais icônicos deste tipo de mídia.

Não é possível falar de personagens em um RPG japonês sem falar do que eles fazem. Aí encontra-se a jogabilidade de FF7R, que é o ÁPICE de toda a franquia, trazendo variedade e força para o jogador. A questão é que o jogo pega a jogabilidade por turnos do original e a mistura com o combate de ação variado de Final Fantasy XV. O jogador pode tanto jogar “automaticamente” como em Xenoblade Chronicles, dando apenas comandos aos membros do time, como também ele mesmo dar cada ação aos protagonistas, além destes comandos, que ocorrerão apenas gastando uma barra de carregamento preenchida por ações do personagem. Isso traz dimensões de estratégia às batalhas, impedindo que o jogador lute sem pensar e criando novos desafios para cada novo inimigo.

Os inimigos deste jogo não deixam de ser ameaçadores em momento algum. Sua variedade é rica e deixa o jogador sempre receoso ao enfrentar um novo inimigo que pode enfraquecer seu time num piscar de olhos se não for bem analisado. Aí entra a utilização de matérias – orbes de energia aplicadas nas armas dos jogadores dando diversas alterações e poderes tanto ativos quanto passivos. O jogador é incentivado a estar trocando essas matérias frequentemente para lutar contra novos desafios, dando uma boa rotação nas habilidades presentes, tanto das armas, quanto dos próprios personagens, além das matérias, o que finaliza-se em uma progressão invejável para qualquer RPG.

A única coisa que pode ser considerada um verdadeiro defeito em FF7R está não na progressão, mas no “recheio” do título. Devido a uma história onde os protagonistas estão o tempo todo correndo, fugindo e viajando entre locais é difícil o jogador encontrar espaço para revisitar ou fazer “extras”, pelo menos não antes do desbloqueio de seleção de capítulos (que é ao finalizar o jogo). Não deixa de haver a possibilidade, mas há pouco incentivo para fazer o que o jogo te entrega de bandeja, seja descoberta de matérias essenciais ao jogo, pequenas histórias a mais ou até momentos onde o jogador é penalizado por fazer o que o jogo o incentiva a fazer na história, o que é algo sem sentido diante das múltiplas e irritantes vezes que ele mesmo te avisa que a partir daquele ponto, não há retorno (não são poucas vezes).

Ao contrário deste defeito, a arte, gráfico e som do jogo são impecáveis. A evolução perfeita de um jogo de mais de vinte anos, aqui cada detalhe do original é respeitado e enaltecido. O jogo possui um fotorrealismo invejável digno de conclusão de geração de consoles, levando o próprio PS4 ao limite de renderização gráfica (e quase decolando o video game da mesa). É notável o quanto esse jogo empurra o console aos seus limites, custando até um pouco em pequenos detalhes da performance (como distância de renderização e horizontes pixelados). Cada personagem, lugar e momento foi honrado com trabalho digno de um dos títulos mais lendários da história dos vídeo games, sem falar na trilha sonora que é de longe uma das melhores dos últimos anos.

Para finalizar, é importante dedicar um pequeno momento desta análise ao final, mesmo não tocando em spoilers. O ponto mais polêmico deste título sem sombra de dúvidas, é ressaltável que o jogo não tem “remake” no NOME à toa. Final Fantasy VII Remake não é uma simples remasterização ou evolução de 1:1 (um para um em equivalência). O jogo possui partes da história adicionadas que são explicadas no final como “uma encruzilhada do destino”, dando flashbacks não apenas para o resto do jogo original, como também partes do universo de FF7 (Crisis Core/Advent Children), o que levou diversos fãs à absoluta loucura, mas fato é – este jogo não é o mesmo de vinte anos atrás. Ele está sendo REFEITO, o que pode trazer divergências do que foi originalmente estabelecido na história. Atualmente não existem informações sobre o que será alterado na linha do tempo de FF7R, mas, o que o jogo apresenta é, em seu conceito, “uma correção de erros passados”.

PROS:

  • Melhor jogabilidade de um JRPG em anos;
  • Homenagem mais incrível já feita a uma das obras mais lendárias dos video games;
  • Trabalho impecável no desenvolvimento gráfico e sonoro (acertando na arte);
  • Midgar se mostra um dos mundos mais vivos já feitos em um vídeo game.

CONS:

  • Linearidade questionável;
  • Final deixa os jogadores num penhasco do que pode ser essa série de jogos.
Jogabilidade:Qualidade dos controles10
Design10
História:Enredo9
Narrativa9
Arte:Gráficos10
Direção artística9
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora10
PortEstabilidade10
Otimização10
NOTA FINAL:9.7

PLATAFORMA:

  • PlayStation 4 (plataforma analisada)
  • PlayStation 5 (plataforma analisada)
  • PC – Steam

Apesar de questionáveis decisões de desenvolvimento, Final Fantasy VII Remake executa tudo que proporciona com maestria. Sua arte é excelentíssima e perfeitamente realizada pelo design do jogo, acompanhada de uma jogabilidade inquestionavelmente bem desenvolvida. Um título lendário que honra seu nome e proporciona, apesar de um futuro incerto, algo colossal para a franquia e universo.

Engenheiro de Software, Game Dev e Criador de Conteúdo.

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