Thymesia destaque
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Thymesia – O melhor combate do gênero

Thymesia intro

Em 2009 a From Software inadvertidamente criou uma nova tendência na indústria. O gênero Soulslike tem seus altos e baixos até mesmo dentro da própria From, mas quando se parte para tentativas de outros estúdios as coisas ficam ainda mais inconsistentes. Seja uma falta de originalidade ou pouca coesão nas mecânicas, soulslikes não tem muitos atrativos para quem já não é aficionado ao que eles oferecem. Thymesia pode muito bem ser a exceção a regra. Apesar de visualmente parecer uma cópia quase exata de Bloodborne, sua jogabilidade rapidamente cria uma identidade própria. É possível criar paralelos com jogos existentes, mas Thymesia é claramente um caso de “melhor que soma das partes individuais”.

Thymesia procura criar uma identidade própria

O que imediatamente chama a atenção é a remoção do conceito de Stamina. Uma forma de limitar as opções defensivas e ofensivas do jogador, um sistema de stamina é visto como pilar do gênero por muitos – as vezes até ao ponto de não considerar Sekiro como um jogo do gênero – porém Thymesia também não viu necessidade em implementar um.

Isso é uma das primeiras características a se notar que deixa claro que o jogo está almejando criar uma identidade própria. Enquanto a From Software foca em fazer o jogador se sentir em desvantagem para criar uma sensação de desespero, OverBorder Studio claramente quis por o jogador em controle da situação. O personagem principal, Corvus, não é uma “zebra”, mas sim um combatente altamente capaz e com uma jogabilidade condizente com a sua história.

Apesar disso, seu kit ainda exige uma certa habilidade do jogador para se usar. Não há um botão de defesa por padrão, então mesmo esquivas e parries sendo ilimitados, ainda é necessário um bom timing para utilizá-los corretamente.

Customização e expressão do jogador

Além das mecânicas base com que começamos o jogo, Thymesia conta com um robusto sistema de customização de builds e habilidades. Como de costume, cada inimigo derrotado dá uma certa quantia de “almas” que pode ser usada para subir de nível. Bem mais simplificado que um RPG comum, Thymesia possui apenas três status: Força, Praga e Vitalidade. Força determina a eficiência dos ataques físicos, Praga determina o mesmo para ataques “mágicos” e aumenta a barra de magia, e vitalidade aumenta a vida máxima. Cada ponto em qualquer um desses status também concede um ponto de habilidade (até o level 25) que muda drasticamente as habilidades do Corvus.

Em sua grande maioria esses pontos são alterações significativas: como podendo trocar a funcionalidade do seu parry para uma defesa padrão, diminuir a eficiência do parry para ter uma janela de sucesso maior, ou aumentar consideravelmente o dano causado por um parry bem-sucedido. É possível mudar a forma que a esquiva opera, de uma esquiva curta para um esquiva longa. O ataque secundário da garra pode ser trocado livremente entre a garra padrão com dano alto ou uma garra curta e rápida que oferece lifesteal se usado agressivamente.

Thymesia talents

E como a melhor parte desse sistema, é possível resetar ou realocar esses pontos a qualquer momento e sem qualquer custo ao acessar o menu do “bonfire”. Certos chefes irão exigir esquivas longas ou uma combinação de parry/garra específica para derrotá-los com mais facilidade. Apesar de ser possível manter uma única build pelo jogo inteiro, a adaptabilidade oferece mais uma vertente onde o jogador pode se expressar e aperfeiçoar o seu estilo de jogo.

Nem tudo é maravilhoso em Thymesia contudo

Apesar de ter uma jogabilidade extremamente satisfatória e boa o suficiente para carregar a experiência toda, o jogo contém a sua dose de falhas. Dentre delas, as duas maiores são a repetição e level design. É irrealista esperar um mundo tão elaborado e extenso como um AAA consegue fazer, mas o level design de Thymesia é um ponto negativo muito saliente. Entre certos problemas com a câmera ou terreno, um layout confuso e difícil de se navegar, e a contra intuitividade de seus caminhos, existem certas frustrações que são impossíveis de ser ignoradas. Exacerbando esse problema, existem apenas 3 biomas no jogo em que os caminhos são reutilizados bloqueando e liberando certas passagens para que possam ser revisitados 3 ou mais vezes.

Thymesia pode ser zerado em 4 horas com uma mentalidade de speedrun. Ignorando tudo além do objetivo principal faz com que seja uma experiência bem curta e insatisfatória. Porém as quests extras exigem que o jogador passe por telas repetidas na maior parte das vezes, o que não é um ótimo design.

Sobre inimigos e boss design

Além das falhas no próprio level design, também há uma pesada repetição nos tipos de inimigos a se enfrentar. Do jeito que o jogo funciona, cada inimigo tem uma chance de “dropar” um fragmento da sua arma quando derrotado. Com 3 desses fragmentos é possível equipá-la e/ou melhorá-la.

Ou seja, com 30 desses fragmentos é possível maximizar uma arma. No final do jogo é comum ter mais de metade das armas inacabadas e ter mais de 60 fragmentos de lança e escudo sobrando. Esse é o nível de desbalanceamento na quantidade de inimigos que se enfrenta. O combate é excelente e até existe uma certa variedade de inimigos, porém inimigos de lança e escudo são abundantes independente do mapa, o que cria uma certa fadiga desnecessária.

O que compensa essas falhas é o excelente boss design que pontua cada tela com um excelente final. Thymesia possui 8 chefes, dos quais 7 são de excelentes para cima. As lutas sempre são marcantes e um ótimo teste das habilidades e conhecimento do jogador. Elas simplesmente possuem um ritmo satisfatório de se aprender e executar, e felizmente é possível refazê-las várias vezes no mesmo playthrough.

O mundo de Thymesia é uma mistura inconsistente

Por fim, todo o estilo artístico do jogo é coeso e no geral bem-feito, mas não sem seus deslizes. Sua história utiliza a mesma narrativa diminutiva típica do gênero, porém não é muito bem executada. Pela maior parte do jogo os logs ficam em círculo entre “peste, alquimia, sangue vil/puro” sem realmente avançar a história. Piorando a situação, o jogo conta com 5 finais que dependem de quantas chefes o jogador derrotou, e uma escolha final que não faz muito sentido mesmo com o contexto da história.

Thymesia plot

O estilo artístico reminiscente de Bloodborne é ótimo, porém algumas telas fazem uso excessivo da cor vermelha ao ponto que saturação deixa difícil jogar. O problema só é exacerbado para daltônicos, já que não há nenhuma opção de vídeo para amenizar os efeitos dessas telas.

A trilha sonora e design de áudio é excelente, e um dos casos em que não há nenhum “porém” para manchar. É simplesmente muito bem-feito e combina perfeitamente com a sua jogabilidade e atmosfera.

Em suma

Thymesia é uma ótima adição ao gênero. Para os fãs de soulslike é uma recomendação fácil com a quantidade de projetos medianos ou falhos que tentaram usar essa fórmula; e para aqueles que nunca conseguiram gostar dos jogos da From ou derivados, mas gostam de certos jogos de ação como DMC ou God of War, Thymesia pode ser uma agradável surpresa.

Nas plataformas que suportam preço regional, o valor do jogo é perfeito para o que oferece. Facilmente uma das surpresas do ano, mesmo tendo suas falhas. E para quem tem dúvidas se o jogo realmente é digno de ser um soulslike…

Thymesia door
“Não é possível abrir desse lado”

…espero ter ajudado.

PROS:

  • Um dos melhores combates do gênero;
  • Excelente variedade de builds;
  • Estética gótica/vitoriana bem executada;
  • Boas animações de batalha;
  • Bom design de som para acompanhar o combate.

CONS:

  • História tediosa;
  • Level design repetitivo e confuso;
  • A versão de PC possui alguns bugs de otimização e port.

PLATAFORMAS:

  • PC – GOG, Steam (Plataforma analisada);
  • Nintendo Switch;
  • PlayStation 5;
  • Xbox Series.

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles10
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)9
História:Enredo5
Narrativa5
Arte:Gráficos8
Direção artística9
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora8
PortEstabilidade9
Otimização7
NOTA FINAL:8.0

Como alguém que tem VÁRIAS críticas até mesmo para os jogos da From, Thymesia foi uma surpresa e tanto. Soulslikes são extremamente teimosos quando feitos pela From e geralmente sem uma identidade própria quando feita por outros, OverBorder é um dos poucos que conseguiu utilizar a fórmula com graça e autoria artística.

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