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Wanted: Dead – Um ode aos clássicos, por bem e por mal…

“Parece um jogo de PS2” com certeza é algo que você já ouviu ou usou para descrever um jogo nos últimos anos. Wanted Dead incorpora essa idéia como um troféu, por bem e por mal. É um jogo caótico que é até difícil de se descrever.

Jogamos com Hannah Stone, uma policial da unidade de Forças Especiais. Um esquadrão que – para Wanted Dead – significa quatro pessoas extremamente eficientes em matar e péssimos em perguntar. Logo de cara o jogo abre com um cinemático explicando o mundo cyberpunk que se passa a história. Eventos geopolíticos são descritos pintando uma distopia que pode implodir a qualquer momento de tão precária, e não muito depois disso estamos invadindo um hotel contra as ordens do capitão.

A história como um todo é difícil de se quantificar. Existem algumas idéias legais para quem gosta de explorar esse lado, porém sua execução deixa muito a desejar. Por exemplo, a ambientação ser Hong Kong com uma ênfase em uma atmosfera de tensão política entre forças governamentais e habitantes civis parece ser um tanto quanto ousado considerando os paralelos do mundo real.

Só que na realidade o caos de toda a história faz com que seja quase impossível extrair qualquer significado de seus eventos. Entre pulos de cinemáticos 3D, anime 2D, e cenas renderizadas dentro do jogo, existe pouco que conversa entre si. É um lado que tinha um potencial de ser realmente interessante, mas que é insatisfatório no geral.

Então partindo para jogabilidade, que é o obviamente o foco. Wanted Dead procura melhorar a idéia de Devil’s Third de ser um híbrido entre Hack ‘n Slash e Third Person Shooter, mas dessa vez a execução foi um pouco melhor. Não existe mais aquele pulo entre terceira e primeira pessoa que quebra o ritmo do combate, agora pular de melee para ranged é bem mais intuitivo.

Individualmente, porém, nenhum dos dois métodos são particularmente notáveis. Hannah conta somente com dois combos diferentes e um parry como defesa, e as armas se resumem a um rifle primário e uma secundária que se pega na tela. Há um sistema de cover automático (que funciona melhor do que a média se diga de passagem), mas nada muito além disso.

Para dar um pouco mais de variedade, a pistola serve como um meio termo entre combate a curta e longa distância. Ela serve para apontar para inimigos imediatamente e agilizar o processo de mira, e serve como counter para certos golpes. Essa é a dinâmica base do combate pelo jogo todo. De uma forma resumida, ele é melhor do que a soma das partes individuais.

Os inimigos também vêm nessas duas variedades, e geralmente são derrotados dentro de seu elemento. Em outras palavras, se o inimigo usa espada, o melhor jeito de derrotá-lo é com a sua própria espada já que eles têm bastante vida e armas são relativamente fracas. Se o inimigo usar uma arma, ele irá fugir toda vez que Hannah chega perto. É possível alcançá-los, mas correr pelo fogo cruzado faz com que se tome dano desnecessariamente, então se usa a arma para diminuir os riscos.

Vale ressaltar que a dificuldade do jogo é bem acima da média, de uma forma bem old-school. Errar os parries ou gastar muitas balas é um caminho rápido para um Game Over. Apesar do combate ser simples em teoria, é preciso alguns truques para realmente dominá-lo. No geral é um combate divertido, apesar de ser um pouco frustrante em alguns detalhes. A câmera em particular é uma freqüente vilã nas batalhas, ficando em lugares estranhos e escondendo ataques vindo na sua direção.

As telas são lineares com alguns colecionáveis, e funcionam em um sistema de checkpoint. Você possui 3 curas entre cada checkpoint e – se o Doc estiver no time – mais um revive adicional. As distâncias entre os checkpoints são inconsistentes, mas na maior parte são trechos extremamente compridos que exigem consistência do jogador em não tomar dano.

Para ajudar na progressão, há uma árvore de habilidades que se libera com o placar de seção. É rápido liberá-los, porém não se carrega pontos entre derrotas. Se ficar travado em algum trecho, não há outro caminho além do git gud. Essa é a dinâmica de Wanted Dead por 5 telas, que demoram por volta de 10h para terminar. O jogo conta com New Game+ e alguns minigames para adicionar na rejogabilidade. Que pode facilmente extender o tempo de jogo para mais de 20 horas.

Os minigames até são divertidos, mas quebram muito o ritmo de jogo e não exatamente combinam com o resto. A idéia pareceu emular Yakuza em alternar combate com UFO Catcher, mas já que Wanted Dead não é um “open world” os minigames parecem fora de lugar dentro de uma estação de polícia. São uns passatempos divertidos, mas longe de ser a atração principal.

Como uma nota final, a performance do jogo tem alguns problemas com queda de frames e crashes. Não são freqüentes o suficiente para atrapalhar o ritmo de jogo, mas já é o suficiente para indicar um problema de performance e otimização. Ajustar as opções gráficas pode ser necessário para ter uma experiência suave. As capturas usadas nesse review mesmo tiveram problemas e tiveram pulos de frame constantes.

Em suma – Wanted: Dead vale a pena?

Por uma análise fria e imparcial, o jogo comete várias falhas dignas de críticas. Mas ao mesmo tempo é um jogo muito divertido para quem gosta desse tipo de design old-school. Entre o combate desafiador, as cutscenes desconexas, gameplay divertido, e o diálogo terrível, ele com certeza ganha o título de “uma carta de amor para a sexta geração de consoles”. Incluso nele tantos os positivos como os negativos. Qual parte é a dominante, depende puramente da preferência de quem vai jogar. A única coisa que realmente dificulta a recomendação do jogo, é um preço de AAA que não condiz com a quantidade de conteúdo que Wanted Dead oferece.

PROS:

  • Combate divertido;
  • Boa trilha sonora;
  • A estética de Hong Kong cyberpunk é legal de se ver;
  • Difícil como um jogo old-school.

CONS:

  • Alguns problemas de câmera;
  • Atuação de voz terrível;
  • Narrativa desconexa e diálogos péssimos;
  • Muito caro pelo conteúdo que oferece.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por 110 Industries SA);
  • PlayStation 4/5;
  • Xbox One /Series.

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles8
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)8
História:Enredo7
Narrativa3
Arte:Gráficos6
Direção artística8
Audio:Efeitos Sonoros7
Trilha Sonora8
PortEstabilidade7
Otimização7
NOTA FINAL:6.9

Pra quem acha que jogos ultimamente estão “muito cinemáticos”, Wanted: Dead é uma relíquia do passado com um tipo de design que não se vê mais hoje em dia. Seria uma recomendação boa para um jogo de 30 USD (100 reais ou menos), mas por um preço de AAA fica difícil justificar seu valor independente de ser divertido de se jogar. HiFi Rush é outro lançamento recente e custa metade do que Wanted: Dead pede no Brasil, e não há competição entre o valor de produção dos dois.

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