Salt and Sacrifice – Uma sequel inesperada
Quando se trata de mesclar os gêneros soulslike e metroidvania, Salt and Sanctuary, fruto de um desenvolvimento entre Ska Studios e Devoured Studios no ano de 2016, conseguiu se destacar o suficiente para gerar uma sequência.
Lançado originalmente em 10 de maio de 2022 para Playstation 4, Playstation 5 e Windows, Salt and Sacrifice chegou ao Nintendo Switch no dia 7 de novembro de 2023 com uma estrutura que mantém muitos aspectos fiéis ao seu antecessor, e que ao mesmo tempo traz uma gama de elementos diferentes.
O DEVER PRINCIPAL DE UM INQUISITOR
O gameplay se manteve o mesmo e juntou o melhor dos dois mundos: a dificuldade, a trama medieval obscura, e a exigência de um método coordenado e estratégico presente na maioria dos jogos soulslike somadas às enormes áreas interligadas de relevo variado que metroidvanias oferecem.
Dessa vez, porém, a lore inclui um elemento novo: a caça por inúmeros magos elementares, ex-humanos que foram corrompidos por suas respectivas magias e se tornaram bestas descontroladas que ameaçam reino de Altarstone.
As características de destaque envolvem a necessidade do jogador de estudar e escolher bem entre 8 classes iniciais, cada uma com atributos naturais priorizados diferentemente uns dos outros.
Ao invés de um grande mundo único, o jogador tem como objetivo a exploração de 5 regiões diferentes (cada uma com seus magos específicos) a partir de uma zona inicial que serve como base. Cada uma delas é liberada de maneira gradativa conforme corações de mago são coletados e suas essências devoradas.
Além deles, inimigos de tamanhos variados e espécies diferentes, em sua maioria bem maiores que o pequeno protagonista, se espalham muito bem pelas ambientações variadas de Altarstone.
O mago compõe de maneira essencial todo o esqueleto de chefes que o jogo oferece e segue uma lógica de embate bem específica: você primeiro aceita o desafio de caçá-lo, por meio de grandes livros espalhados no mapa, ele aparece como um inimigo normal e depois de pouco tempo de luta, se transporta para outra área da região.
A partir daí, o jogador trava diversos combates menores com o mago por várias partes da fase até ele se transportar para uma área definitiva onde ocorrerá de fato a boss battle.
Tal mecânica se assemelha bastante ao método que Monster Hunter usa durante as caças de monstros gigantes, na qual o monstro e os jogadores travam uma batalha que se arrasta pelo mapa inteiro.
Cada local dispõe de pequenos obeliscos que servem como meios de descanso e transporte para o hub inicial, mas a localização deles demonstrou ser extremamente aleatória, muitas vezes em partes inesperadas.
Uma vez que o jogador esteja no hub e deseje voltar para algum level, é impossível escolher um obelisco específico que ele já tenha visitado como ponto de nascimento.
O GRANDE FARDO DE UM INQUISITOR
Os maiores desafios apresentados, além do dano absurdo causado até pelo inimigo mais fraco e a stamina que se deteriora rapidamente, foram as navegações pelos grandes locais a serem explorados, em sua maioria: castelos antigos, cavernas escuras e vilas destruídas.
De maneira frequente, a jogabilidade vai punir qualquer tipo de descontrole em relação ao uso da stamina, seja no uso irresponsável de um escudo ou em ataques lançados em sequências sem pausa.
Isso torna mais fácil um combo até a morte feito por grupos de inimigos ou até mesmo no personagem ser isolado da plataforma por um golpe maior e tomar um dano monstruoso de queda.
A recuperação de HP é feita por Hearthen Flasks, tal qual em outros soulslikes, com a diferença na velocidade um tanto quanto vagarosa que o HP se preenche após seu uso, deixando o personagem vulnerável até mesmo na presença do inimigo mais fraco da fase.
O jogo não possui nenhum guia visual e a exploração deve ser feita na intuição, o que dificulta por cada level ser muito extenso e aleatório na distribuição de obeliscos. É comum se perder procurando novos caminhos, obeliscos e salt perdido na última morte.
Todo mago que é morto sempre ressurge quando se volta ao local original de combate e se torna mais um obstáculo junto aos inimigos comuns, isso dificulta ainda mais a passagem pelas regiões em busca de novos magos que ainda não foram enfrentados.
Esteja preparado também para um processo de grind por salt (as clássicas “souls” do jogo) e equipamentos novos com base nos bosses derrotados.
Dependendo do elemento, cada mago é capaz de criar um set de armas diferentes e eficazes/não eficazes de acordo com os atributos da sua build. É possível achar livros ocultos que permitem caçadas com a finalidade de coletar itens específicos desejados também.
Toda a criação de armors/weapons novas, alocação de atributos e compra e venda de materiais é feita pelos NPCs da hub inicial, que se limitam apenas a isso e infelizmente não mostram um pingo de personalidade que possa ao menos dar uma orientação para entender o que se passa no jogo, uma vez que o plot é apresentado de maneira vaga e sucinta logo no começo e não se desenvolve em detalhes.
Apesar de uma proposta demasiadamente repetitiva, o que faz valer a pena jogar Salt and Sacrifice são as possibilidades variadas de customização de personagem em termos de armaduras, equipamento, armas e magias junto com a exploração de biomas diferentes, tendo em vista um desafio imprevisível em termos distributivos de inimigos e itens.
O multiplayer é incluído na lista por deixar a experiência do jogo mais permissível, balanceada e até mesmo engraçada, especialmente quando builds diferentes são envolvidas.
PROS:
- Melhora gráfica objetiva em comparação ao antecessor
- História e estilo de arte inovador e condizente com o gênero do jogo
- Ambientação criativa
- Skill Tree para criação de builds muito bem detalhada
CONS:
- Extremamente punitivo com iniciantes do gênero
- Levels extremamente complexos, sem mapa e que exigem backtracking
- Proposta de gameplay repetitiva
- Lore mais rasa em comparação ao antecessor.
- Sistema de fast travel inexistente
- Grind excessivo
PLATAFORMAS:
- Nintendo Switch (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por Ska)
- Playstation
- Windows – PC (Steam)
NOTAS:
Jogabilidade: | Qualidade dos controles | 8 |
Design (Dificuldade, Level, Criatividade) | 7 | |
História: | Enredo | 3 |
Narrativa | 3 | |
Arte: | Gráficos | 8 |
Direção artística | 9 | |
Audio: | Efeitos Sonoros | 8 |
Trilha Sonora | 6 | |
Port | Estabilidade | 9 |
Otimização | 9 | |
NOTA FINAL: | 70 |
Salt and Sacrifice se expande como jogo dentro dos pontos de gameplay, estilo de arte e design, mas traz consigo uma experiência de história e progressão bem menos flexível que sua primeira instalação. Apesar dessa linearidade, ele permanece como um prato cheio para fãs do gênero que se propõem em enfrentar esse desafio.