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Persona 5 Tactica – Estranhamente Limitado, mas Absurdamente Incrível

Persona 5 Tactica se aventura em novos territórios, transformando o rico universo de Persona 5 em um formato de RPG tático. Enquanto traz de volta personagens amados e elementos familiares, o jogo diverge significativamente de seus predecessores, oferecendo uma experiência mais simplificada e linear. Essa mudança apresenta tanto encantos quanto desafios, resultando em um jogo que se sente aconchegante, especialmente no Switch, mas é prejudicado por limitações em mecânicas e profundidade. 

A narrativa de Tactica é estrategicamente posicionada entre o segundo e o terceiro semestres de Persona 5 Royal, tornando-a uma aventura mais adequada para aqueles que mergulharam profundamente na lore dos Phantom Thieves. A introdução de Erina, um personagem envolto em mistério e fervor revolucionário, injeta nova vida na história. Essa decisão narrativa expande de maneira inteligente os horizontes filosóficos e morais do jogo, explorando temas de liberdade e opressão em um mundo assolado pela tirania. No entanto, o extenso diálogo do jogo, embora rico em conteúdo, ocasionalmente beira a verbosidade, levando a momentos que parecem mais enchimento narrativo do que progressão significativa da história.

Um ponto notável em que Tactica falha é sua relutância em entrelaçar narrativas ou referências de outros jogos da série, como Persona 5 Royal, Dancing e Strikers. Essa omissão resulta em uma oportunidade perdida de enriquecer a lore e a interconexão do universo de Persona. Para os fãs que desejam um mundo mais expansivo e coeso, o foco do jogo exclusivamente na história base de Persona 5 pode ser frustrante. Incorporar elementos da série estendida poderia ter adicionado profundidade e continuidade, melhorando a experiência geral para os fãs dedicados.

O ritmo é peculiar, com a narrativa se desenrolando de maneira altamente linear. Essa linearidade, juntamente com a abordagem tática simplificada do jogo, cria uma experiência um tanto monótona e previsível. A falta de exploração ou escolhas significativas que impactam a história contribui para a sensação de que este spinoff foi desenvolvido com um orçamento limitado, evidente tanto no design do jogo quanto na trilha sonora original. 

Tactica adapta o combate dinâmico e envolvente da série Persona para um formato tático baseado em turnos. O jogo em geral tem uma sensação simplificada, lembrando Mario + Rabbids. A transição para um sistema baseado em grades introduz uma camada adicional de estratégia, exigindo que os jogadores planejem seus movimentos, utilizem cobertura e coordenem ataques para máximo impacto. Esta evolução mantém a essência do combate de Persona — a emoção de montar e executar combos poderosos — enquanto adiciona novas considerações táticas. A inclusão de um recurso para rebobinar turnos é boa, permitindo que os jogadores revisem suas estratégias sem diminuir o desafio geral. 

Apesar de parecer relativamente simples, o sistema de combate do jogo é bem aprofundado se comparado a outros jogos do gênero. É possível criar jogadas combinando habilidades de suas unidades, mas também mecânicas gerais, como por exemplo, arremessando um inimigo de um ponto mais alto para criar uma oportunidade de combo com uma unidade em um plano inferior.

Com uma robusta lista de mais de 100 Personas fusíveis e a habilidade inovadora de os personagens os equiparem como sub-Personas, o jogo oferece uma profundidade substancial em termos de valor de replay e personalização. Essa variedade, juntamente com a profundidade tática do jogo, missões secundárias diversas e árvores de habilidades específicas de personagens, encoraja os jogadores a experimentar diferentes estratégias e composições de equipe, proporcionando motivos suficientes para revisitar o jogo. 

Apesar dos sistema de fusões e sub personas ser uma excelente ideia para aumentar a customização dos personagens, o sistema é consideravelmente restritivo. Apenas 2 habilidades por sub Persona tornam difícil criar customizações mais aprofundadas, e também delimita o planejamento de fusões, tirando aquela sensação da série original de fundir uma cadeia de personas para criar “aquela unidade” do jeitinho que o jogador tem em mente.

Inicialmente, o estilo de arte chibi dos personagens pode ser desagradável, especialmente para aqueles acostumados com os visuais mais detalhados e estilizados da série principal. No entanto, esse estilo de arte pode crescer nos jogadores ao longo do tempo, tornando-se um aspecto tolerável e até cativante da apresentação do jogo. O jogo brilha em sua adequação para o Nintendo Switch, oferecendo uma jogabilidade mais compacta que contrasta com as sessões de jogo mais longas exigidas pelo Persona 5 original. Essa portabilidade e facilidade de jogo tornam Tactica uma experiência aconchegante e acessível, especialmente para aqueles que buscam um envolvimento mais leve com o universo de Persona.

A trilha sonora, um pilar da experiência de Persona, se destaca com as novas faixas de Toshiki Konishi, imbuidas de energia e influências de jazz. A vocalista Lyn Inaizumi retorna. Embora a trilha sonora possa não atingir as alturas de faixas icônicas do jogo principal, ela complementa a atmosfera do jogo e melhora a experiência geral, sublinhando tanto os momentos tensos de batalha quanto as cenas mais reflexivas.

PROS:

  • Combate tático expresso e satisfatório;
  • História interessante;
  • Sessões de jogo bem temporizadas;

CONS:

  • Limite nas habilidades de personas;
  • Falta de conexão com outros jogos de Persona 5;
  • Trilha sonora, mesmo com grandes nomes, deixa a desejar;
  • Estilo de arte chibi não ficou agradável.

PLATAFORMAS:

  • Nintendo Switch (Chave gentilmente cedida por Sega, analisado por Matheus Nascimento)
  • PC (Chave gentilmente cedida por Sega, analisado por Matheus Rocha)
  • PlayStation
  • Xbox

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles8
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)8
História:Enredo9
Narrativa7
Arte:Gráficos8
Direção artística7
Audio:Efeitos Sonoros9
Trilha Sonora7
Estabilidade9
Otimização9
NOTA FINAL:81

Persona 5 Tactica é um jogo de contrastes, oferecendo uma experiência confortável e envolvente no Switch, mas não atendendo às expectativas de profundidade e complexidade de um título de Persona. Suas mecânicas simplificadas, narrativa linear e habilidades limitadas de Persona atendem a um público mais casual, mas podem deixar os fãs de longa data querendo mais. Apesar dessas limitações, o jogo tem seu charme e pode servir como uma adição agradável, embora não particularmente profunda, à série Persona.

Engenheiro de Software, Game Dev e Criador de Conteúdo.