O Escudeiro Valente: um indie aguardado acabou se tornando uma caixa de surpresas positivas.
Começando por um sonho de aprender C++ e Unreal em 2019, nasce o aguardado indie The Plucky Squire, ou O Escudeiro Valente, conforme a sua tradução oficial. Desde o seu anúncio em 2022 até o seu lançamento ele vem criando um enorme hype durante a espera. O jogo foi desenvolvido pelo estúdio independente All Possible Futures e publicado pela Devolver Digital.
A temática do Escudeiro Valente é totalmente baseada em um conto infantil e colorido, para início de conversa. Entramos no mundo de Pontinho, um jovem guerreiro que, com a ajuda de seus companheiros: a bruxinha Violeta e o troll da montanha Batera, está destinado a sempre ter um final feliz e derrotar o vilão principal da história: o feiticeiro Enfezaldo.
Depois que Enfezaldo finalmente consegue uma manopla que permite ele mudar o fim do livro e ter uma chance de derrotar Pontinho, nosso herói embarca numa jornada definitiva com seus dois amigos para restaurar o final normal dele.
Nossos heróis são sempre auxiliados pelo mago Barbaluar e seu pequeno ajudante Minibarba, os dois oferecem dicas valiosas para a progredir nos capítulos.
Uma das primeiras coisas que jogadores mais antigos vão experimentar ao jogar é nostalgia. Um sentimento de familiaridade junto com lembranças de jogos que agraciaram as suas infâncias na época do Super Nintendo e do Nintendinho.
O jogo contém vários momentos de gameplay dentro e fora do livro, cada um com um estilo que homenageia obras clássicas: desde explorar o reino de Mana com uma jogabilidade similar a Zelda: A Link to the Past, até trocar socos com um texugo de mel no estilo Punch-Out!
Do nada, o jogo migra de uma fórmula 2D, usada sempre quando Pontinho está dentro do livro, para 3D, quando ele está fora. O estilo 3D é bem parecido com o remake de Link’s Awakening para o Switch.
Fora do livro, o mundo principal é a escrivaninha de Sam, um garoto criativo que deseja ser escritor. Parece inofensivo, mas está repleta de insetos prontos para devorar o protagonista. No mundo 3D, várias outras referencias de jogos não tão antigos também estão presentes.
Pontinho navega pela escrivaninha de Sam, combatendo não apenas inimigos do livro que conseguiram escapar até o mundo real graças aos novos poderes de Enfezaldo, mas também inimigos naturais do ambiente, insetos extremamente perturbadores e realistas.
Um dos pontos mais positivos do jogo são seus puzzles criativos que permitem Pontinho mudar as palavras da história para alcançar objetivos específicos, por exemplo, se o jogador encontra duas frases:
- “A Ponte estava quebrada.
- “A rocha era sólida.”
Para recuperar a ponte ou passar pelo caminho bloqueado pela rocha, ele precisa substituir a palavra destacada por outra palavra que faça sentido e consequentemente mudar a realidade do livro. Ou seja:
- “A Ponte estava sólida.
- “A rocha era quebrada”
Serão diversas frases dentro do livro para serem remodeladas, e isso permite um envolvimento maior e mais criativo do jogador com a gameplay. Templo, clima, relevo e aparência de personagens podem e devem ser mudados utilizando a manipulação de palavras.
É possível também dar novas habilidades a Pontinho, como ataques giratórios e espadas-bumerangue. As habilidades são compradas em pequenas lojinhas, com pequenas lâmpadas que são a moeda principal no mundo da história. O jogador tem a liberdade de escolher e até mesmo montar as builds específicas que preferir em cada capítulo.
Cada área do Reino de Mana representa desafios específicos ao nosso herói literário: temáticas ambientais diferentes, inimigos novos, puzzles de acordo com relevo da área e novos personagens para interagir e ajudar.
Antes de começar, existe a opção de escolha entre dois níveis de dificuldade: o “Modo Aventura” é para quem busca um desafio a mais, enquanto o “Modo História” é destinado àqueles que buscam aproveitar o jogo sem passar por grandes dificuldades.
São aproximadamente 10 horas de jogo, dividas em capítulos que possibilitam ao jogador provar diferentes tipos de gameplay, todos divididos entre as áreas exploradas do reino de Mana.
Um dos fatores que deixam O Escudeiro Valente ainda mais diferenciado é a sua tradução e dublagem totalmente em português, com adaptações criativas para nomes e localizações, todas seguindo uma ótima lógica de contexto. Com isso, o jogo consegue se inserir no mercado brasileiro de uma maneira bem mais inclusiva e carismática.
A narração é feita por ninguém mais ninguém menos do que Mauro Ramos, responsável pela dublagem de personagens de animações clássicas como Pumba nos filmes da série “O Rei Leão” e Shrek nos filmes da série “Shrek”.
O Escudeiro Valente como um todo oferece uma experiência extremamente agradável para um público atemporal, tudo graças a sua sinestesia de cores e sons que, mesmo voltada para um visual mais infantil, possui um carisma orgânico capaz de prender a atenção de jogadores de todas as idades.
A fluidez da narrativa, o gameplay dinâmico e o tempo exigido destacam O Escudeiro Valente como um indie imperdível e solidificam todos os benefícios que ele recebeu como recompensas pela alma e originalidade que foram incluídas no jogo desde o seu desenvolvimento.
PROS:
- Gameplay totalmente inclusivo e carismático;
- Inserções de homenagens a jogos clássicos feita de maneira bem criativa;
- Estilo de arte visualmente agradável que se conecta a públicos de várias faixas etárias;
- Estrutura de jogo intuitiva, objetiva e diversificada;
- Mundo totalmente interativo, adaptável e fiel à proposta do jogo;
- Customização de otimização variada, permitindo que o jogador adapte o jogo à preferencia dele, de acordo com a plataforma que ele usa para jogar;
- Excelente localização nacional.
CONS:
- Ocupa um espaço inesperadamente grande;
- Pode apresentar input delay em ocasiões raras.
PLATAFORMAS:
- Playstation 5;
- Nintendo Switch;
- Xbox Series;
- PC – GOG, Steam (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por Devolver).
Jogabilidade | Qualidade dos Controles | 9 |
Design (Dificuldade, level, criatividade) | 9 | |
História | Enredo | 9 |
Narrativa | 8 | |
Arte | Gráficos | 9 |
Direção artística | 10 | |
Áudio | Efeitos Sonoros | 8 |
Trilha Sonora | 9 | |
Port | Estabilidade | 8 |
Otimização | 8 | |
NOTA FINAL | 8.7 |