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Yakuza Kiwami 2 – baka.. mitai?

Yakuza é uma franquia com um distinto prestígio a essa altura. Não chega a ser exatamente de nicho já que conta com bons números de vendas e até um meme recente, mas também nunca chegou ao mainstream, especialmente no Brasil que nunca recebeu uma tradução para português.

Para quem não conhece nada sobre a saga, Yakuza é uma franquia de “ação-aventura” que é constantemente referida como beat’em up mas que é na verdade um RPG. Com certeza desafia descrições, mas é esperado tendo em vista que é uma série única no que faz. Seu maior diferencial é seu mapa que ao invés de focar em tamanho e multitude de colecionáveis é pequeno e denso com atividades.

Geralmente focados no distrito de Kamurocho (uma versão fictícia da cidade real Kabukicho) temos várias lojas, restaurantes, bares e estabelecimentos de entretenimento que fazem parte integral do jogo. As várias subquests fazem uso total dos itens e atividades encontrados em lojas, arcades e casinos espalhados pela cidade.

São jogos que tanto a jogabilidade quanto o cinemático são extensos, é possível passar um dia inteiro apenas fazendo missões secundárias, jogando fliperamas e casinos e procurando briga nas ruas; ou maratonar horas de cinemáticos e pilhas de caixas de diálogo ao se aderir primariamente a história principal.

E por fim, o combate. Um dos maiores erros do jogo é se apresentar como um beat’em up onde combos são importantes e habilidade é favorecida, pois o combate é puramente enraizado em mecânicas de RPG como habilidades desbloquáveis, pontos de status, itens de cura, equipamento e uma sequência correta de ações. Não que o combate seja ruim, mas para quem pega o jogo esperando um combate mais fluído e primariamente guiado por habilidade com certeza vai se decepcionar.

Porém, tudo isso são apenas descrições gerais que englobam toda a série. Como o Kiwami 2 em específico se encaixa nisso? Há três lados diferentes para se analisar, como um remake de um clássico, como uma continuação de uma nova saga, e por mérito próprio.

Como remake

Mais de 10 anos separam Yakuza 2 original e seu remake. Nesse tempo a indústria evoluiu imensamente, não seria surpreendente se várias coisas mudassem, porém o jogo se mantém bem próximo do jogo de PS2. A história e cinemáticos estão idênticos em boa parte, fora a óbvia melhoria gráfica para a geração atual. A maior mudança foi a remoção do trecho de Shinseicho que foi movido para outra cidade e os estabelecimentos também realocados, mas fora a isso pouquíssimo foi alterado.

O combate foi substituído para o modelo usado em Yakuza 6, os diferentes estilos presentes em 0 e Kiwami 1 foram removidos em prol de um modelo meio musou que lembra mais os jogos de PS2. Os inimigos permanecem similares ao original, o que as vezes é um ponto negativo pela forma que a IA se comporta em um jogo moderno.

As músicas também foram remixadas, e como um tópico subjetivo fica difícil dizer se para o melhor ou não, apesar de o consenso ser geralmente negativo. Fora isso não há muito o que se dizer, revisitar Kamurocho e os vários personages de Osaka em alta definição é uma ótima sensação que a RGG Studio acertou com maestria.

Como continuação

Partindo de Kiwami 1, a maior diferença vem no uso da Dragon Engine, uma ferramenta própria do RGG Studio usado em Y6 Song of Life. A engine é impressionante em vários quesitos técnicos como visuais, framerate (para computadores), draw distance, carregamento de um mapa único e (as vezes) a física. Porém o combate é extremamente divisivo entre a fanbase pelas drásticas mudanças.

Descartando completamente o sistema de posturas diferentes e refazendo do zero o sistema de experiência por um muito mais complexo, com certeza jogadores que partirem do Kiwami 1 para Kiwami 2 em prol de jogar a série em ordem cronológica talvez não se adaptem as mudanças, especialmente que 3, 4 e 5 não ganharão versões Kiwami.

Apesar do jogo acertar na essência da série, a mudança pode ser brusca e um pouco desanimadora para alguns.

Por mérito próprio

Como um jogo separado de suas origens, Kiwami 2 pode ser um bom ponto de partida para quem gostaria de ver sobre o que é a série. Oferecendo muitas horas de conteúdo com as várias atividades, sub-quests e até mesmo na história principal, é uma ótima escolha para quem gostaria de um jogo mais comprido que oferece bastante o que se fazer pelo preço.

E mesmo desconsiderando toda a bagagem que a série carrega, o combate ainda precisa ser mencionado pelos seus erros. Como dito anteriormente, a física é uma das melhorias trazidas pela Dragon Engine exceto nas lutas. Qualquer golpe final, seja seu ou do inimigo, irá mandar o alvo voando pelo mapa das formas mais cômicas e surreais possíveis. Isso não só destrói toda a atmosfera do jogo por quebrar completamente o realismo e peso que todo o resto tem, mas também atrapalha a jogabilidade por não ter um sistema de lock-on e precisar girar a câmera constantemente para ver aonde foram os inimigos.

Não se tratando apenas de problemas visuais, várias batalhas de chefes têm sérios problemas de balanceamento, sendo necessário encontrar e repetir uma certa sequência de ações que é o único momento que o inimigo está vulnerável. Isso forma um ciclo que não é muito satisfatório no começo, e perto do final você ganha tantas habilidades que todas as lutas terminam em momentos apenas usando suas melhores armas e heat actions.

Tirando esse deslize, o resto do jogo está muito bem feito e extremamente satisfatório de se jogar. O combate pode ser um grande aspecto do jogo, mas não grande o suficiente para ser prejudicial a experiência no geral. Como costume também há uma recapitulação dos eventos anteriores seja tanto para habituar novos jogadores quando relembrar quem está voltando a série.

Sobre o port de PC

Recentemente Yakuza Kiwami 2 chegou a Game Pass para Xbox e PC. Testamos a versão da Microsoft Store que é a mesma utilizada pelo app da Game Pass.

O port roda perfeitamente, o que é uma agradável surpresa tendo em vista que PSO2 teve vários problemas em sua integração com a MS Store. As opções de vídeo são padrões para PC, é possível desbloquear o framerate por completo caso o hardware suporte, controles para Mouse e Teclado são customizáveis e bem feitos, apesar de que o estilo de jogo ainda seja muito mais voltado para um controle.

A melhor coisa para essa seção é quando ela é curta, e é exatamente o que Kiwami 2 conseguiu. É um port estável e competente no que faz. Uma surpresa com certeza, sendo de uma desenvolvedora japonesa E na MS Store todo jogador de PC esperaria vários problemas, mas o estúdio Polonês QLOC o entregou em ótimas condições.

PROS:

  • Muito conteúdo pelo preço;
  • Qualidades técnicas impressionantes;
  • Um bom remake que respeita o legado da série;
  • Port estável e completo;

CONS:

  • Combate;
  • Péssimo lock-on e uma câmera estranha;
  • Física durante o combate é risível.

PLATAFORMAS:

  •     PlayStation 4;
  •     PC – Steam / Microsoft Store (Plataforma analisada, chave gentilmente concedida por SEGA);
  •     Xbox One.

NOTA: 8.5/10

    “Uma das séries mais únicas dos games, Kiwami 2 como sempre traz seus altos e baixos já esperados por qualquer fã da saga. É um ótimo exemplar de cultura japonesa minimamente alterada para o ocidente.”

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