Streets of Rage 4 – 5 Minutos de soco sem perder amizade
Na atual geração de consoles estamos vendo vários retornos e inspirações vindo dos clássicos, sejam em remakes, continuações, ou projetos indies de homenagem aos velhos títulos. Um beat’em up conhecido como Streets of Rage com certeza é uma adição bem vinda a essa onda, um gênero amplamente ignorado por um bom tempo agora está de volta e atingindo as expectativas.
Desenvolvido pela DotEMU (uma desenvolvedora francesa com foco em remasters e relançamentos), Lizardcube (conhecida por Wonder Boy: The Dragon’s Trap) e Guard Crush Games (um estúdio independente com foco em beat’em ups); o renascimento da franquia da SEGA veio de estúdios com prestígio na área. Quando se trata de nostalgia e continuação, Streets of Rage 4 entrega quase tudo com perfeição. Os visuais 2D desenhados a mão são o balanço ideal entre visuais de alta fidelidade sem perder o charme de sprites da época. Suas animações são fluídas, sua paleta de cores e design é extremamente funcional e aditivo a jogabilidade, e falando nela, também há um balanço similar de clássico e inovação. A partir do momento que tomamos controle, o jogo passa o sentimento de Streets of Rage imediatamente, mas ainda há o que aprender e se adaptar. Especiais continuam gastando a barra de vida como de costume, mas agora é possível recuperar esse custo ao causar dano com golpes normais. Cada personagem tem acesso a habilidades distintas e se sobressaem de diferentes formas.
A trilha sonora também não decepciona seu legado, misturando as batidas clássicas com instrumentos acústicos e eletrônicos para dar um sentimento único para cada tela. O design auditivo dinâmico é perfeito para acompanhar o progresso nas telas.
O maior real problema que o jogo tem é no seu conteúdo. São 12 capítulos, o que o faz o maior jogo da série messe quesito, mas fora a repetição desses estágios há pouco o que se fazer. O placar acumulado de várias tentativas serve como uma “barra de experiência” que age como um progresso para liberar personagens e alguns extras. Não há finais alternativos, rotas diferentes, modos de jogo únicos (fora um Boss Rush). A maior parte do conteúdo se concentra em Modo História ou Arcade, que funcionam de forma idêntica fora o fato que Modo História te permite salvar e continuar no caso de uma derrota.
Isso não significa que não há nada o que fazer, afinal de contas é exatamente o que todos os jogos do gênero sempre tiveram. Porém ainda é decepcionante que este lado não recebeu uma evolução que poderia o fazer se destacar do resto.
Há também alguns problemas de balanceamento na dificuldade, inimigos com Super Armor são muito mais frequentes nesse título, e para um jogo sem nenhuma habilidade defensiva como guarda, esquiva ou parry, se torna estranho lidar com esse tipo de inimigo. Posicionamento é mais importante do que nunca, e apesar de adicionar mais uma camada de habilidade a jogabilidade, ainda é algo que causa uma certa estranheza ao se adaptar.
Do lado técnico, a única falha é o netcode que causa alguns soluços quando jogado online, e um sistema que faz com que os dois jogadores voltem para o menu e percam seus respectivos progressos sem nem tentar reconectar ou continuar jogando offline.
Falando nisso, porém, vale mencionar que é um ótimo jogo para se jogar com amigos. ESPECIALMENTE com fogo amigo habilitado. (Estejam avisados, volume alto)
Sobre o port de PC
Essa seção provavelmente é mais agradável quando curta, e para Streets of Rage 4 esse é exatamente o caso. Tem suporte para controle e teclados junto com reconfigurações de botões, nenhum problema gráfico ou qualquer instabilidade. Fora a falta de suporte para Ultrawide, o port é perfeitamente estável.
PROS:
- Um bom balanço entre nostalgia e inovação;
- Excelente trilha sonora;
- Controles responsivos e satisfatórios de se aprender;
- Ótimos visuais 2D, tanto em funcionabilidade quanto beleza;
- Modo cooperativo adiciona muito valor ao jogo.
CONS:
- Pouco conteúdo faz com que o jogo só tenha apelo para os fãs inveterados do gênero;
- Alguns problemas no balanceamento na dificuldade;
- Netcode instável e um sistema de desconexão péssimo.
NOTA: 8/10
Plataformas:
- PC – Steam / GOG / Windows Store (plataforma analisada);
- PlayStation 4;
- Xbox One;
- Nintendo Switch.
Não só a volta de um clássico, uma tentativa de fazer algo novo e evoluir. Apesar de bem sucedido na maior parte, espero que só melhore a partir daqui, pois o jogo ainda tem muito espaço para crescer.