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Resident Evil 8 – o vilarejo das sombras e seus mistérios

Resident Evil 8 – Village foi o segundo grande lançamento da Capcom esse ano em meio a pandemia do COVID-19, o primeiro sendo Monster Hunter Rise que temos analisado aqui. O título chegou como cross-generation, para PlayStation, Xbox e PC. Desde seu anúncio, o título teve especulação de ser um sucessor espiritual de Resident Evil 4, principalmente pela temática “medieval”. Isso é um importante destaque, mas o jogo não se limita a isso e faz muito mais que o citado clássico.

RE8 segue a história de Ethan Winters, protagonista de Resident Evil 7 (que foi considerado um soft-reboot para a série), tempos depois do incidente da casa dos Bakers. Agora casado com Mia, tendo uma filha bebê, treinamento militar e uma vida interessante morando bem longe dos acontecimentos do jogo anterior, é surpreendido exatamente por quem salvou sua família no fim de RE7, Chris Redfield, invadindo sua casa, atirando em sua esposa e sequestrando tanto Ethan quanto sua filha. Coisas ocorrem e seu transporte é destruído, te deixando mais uma vez a beira da morte no interior, dessa vez no leste europeu em uma vila extremamente fria e assustadora. Assim se começa a nova aventura de Ethan – cheia de morte, perigos jamais imaginados antes e um fim grotesco e promissor.

A jogabilidade da a mesma sensação que Resident Evil 7. Primeira pessoa, armas pesadas, mira de Counter-Strike (já deu), movimento ligeiramente lento, tudo mecanicamente balanceado para ser adequado ao que o jogo propõe – um survival horror com mais ação que o anterior, mas também muitos mais perigos que apenas uma família insana dentro de uma fazenda. Esta vila é comandada por punhos de ferro de quatro lordes sombrios, incluindo ninguém menos que Alcina Dimitrescu, a vampira gigante que ficou famosa nas prévias do jogo. Uma vez situado a situação drástica que se encontra, Ethan corre contra o tempo para salvar sua filha e descobrir porque Chris fez o que fez, sendo ameaçado por inimigos mais variados que nunca em um Resident Evil, contando com *múltiplos* stalkers (perseguidores), zumbis de variados tipos e até ameaças não convencionais que não serão spoiladas para conservar a surpresa do jogador.

A exploração de Resident Evil 8 é uma das mais ambiciosas da série. Com mundo semi-aberto (tendo partes sendo liberadas ao longo do jogo), o jogador é muito incentivado a ir e voltar atrás de todos os upgrades, equipamentos e tesouros que podem ser encontrados com novas ferramentas, principalmente na área do vilarejo, que é preenchida de monstros quase que constantes perseguindo o jogador em seu ir e vir. Mesmo o jogo possuindo mais ação, a tensão é óbvia até nos monstros mais básicos, tendo uma movimentação com bastante esquiva e peso em seus respectivos ataques ao jogador. Com pouco descuido Ethan é facilmente derrotado até pelo mais fraco inimigo, o que incentiva a atenção tanto aos detalhes do mapa quanto ao seu estoque de cura e munição que é tão abundante quanto o jogador se dedicar a manter.

Cada domínio de cada lorde da vila consegue ser mais assustador que o outro, mas de maneira diferente. O castelo Dimitrescu, por exemplo, é uma incrível demonstração de level design, com passagens secretas, espaços para evitar inimigos, segredos e, principalmente, as famosas perseguidoras de Ethan mostradas nos trailers. As perseguições nesse jogo são extremamente refrescantes, devido a sua grande variedade e “semi-constância” (de tempos em tempos o jogador deve lidar com uma grande ameaça lhe perseguindo de maneiras diferentes). Cada domínio da alguma desvantagem a Ethan, tirando a mesmice da jogabilidade e forçando o jogador a abordar estratégias diferentes para lidar com as ameaças. Em geral, o jogo se encerrou para nós após as 14 horas, mas com seu fator rejogabilidade é possível alcançar os créditos finais com bem menos. Isso é um padrão da franquia e esse jogo te incentiva mais que nunca a completar tudo que tem a oferecer, além do modo Mercenaries que merece um curto destaque.

Mercenaries é um clássico da franquia, permitindo com um limite de tempo o jogador revisitar as áreas marcantes do título, comprando melhorias para suas armas, buscando bater recordes de pontos e assim estendendo a duração do título. Aqui que podemos ver a mecânica de combate levada ao seu limite, apesar do ritmo compassado da campanha, Mercenaries continua uma ótima variação arcade da fórmula e oferece uma boa mudança de ritmo. Sua execução é ótima, porém há poucos mapas e variação em cima da fórmula. São 4 biomas com 2 variações cada, resultado em 8 estágios com diferentes requisitos de placar. As maiores diferenças com os modos anteriores são “habilidades” extras que alteram sua velocidade, dano ou regeneração de HP, e a completa ausência do sistema de “classes”. Jogamos apenas com o Ethan, as mesmas armas de início, uma certa quantia de dinheiro e munição, e o Duke para nos vender o loadout que desejarmos. Otimizar uma fase continua sendo uma boa forma de passar o tempo, porém continua sendo mais do mesmo com algumas funções até faltando, como o modo cooperativo que RE5 e RE6 dispunham. O único componente multijogador do título é o RE:Verse que não será citado na análise por (pelo menos ainda) não termos acesso (e não parece satisfazer melhorias que poderiam ser bem-vindas aqui).

Para finalizar, é mais que importante mencionar a otimização de Resident Evil 8. Jogamos o título no PC com configurações altas e este definitivamente é um jogo de nova geração. Os detalhes dos ambientes, do protagonista, dos monstros e de tudo são extremamente vivos e satisfatórios de se contemplar. O design sonoro também é magnífico, permitindo que o jogador ouça de tudo que acontece ao seu redor, principalmente em um dos domínios que trazem uma das experiências mais imersivas de qualquer Resident Evil até hoje. A trilha sonora aqui é muito sutil, até mais que nos mais recentes Resident Evils, mas ainda é presente e traz ainda mais tensão ao jogador.

PROS:

  • Definitivamente um jogo da nova geração;
  • Jogabilidade intensa em todos os momentos;
  • Variedade de inimigos e desafios;
  • Exploração de mundo;
  • Fator rejogabilidade;
  • História recheada.

CONS:

  • Pouca inovação no modo Mercenaries, coisa que era definitivamente necessária.

PLATAFORMAS:

  • PlayStation 4/5;
  • Xbox One/Series;
  • PC (plataforma analisada, chave concedida por Capcom).

NOTA: 9.5/10

Resident Evil 8 é um dos melhores jogos da série lançados até hoje. Trazendo tudo de melhor de títulos como Resident Evil 2 Remake, Resident Evil 4 e Resident Evil 7, mas ainda assim sendo único do começo ao fim, é grande candidato a um dos melhores jogos do ano.

Engenheiro de Software, Game Dev e Criador de Conteúdo.

2 comentários

  • Diogo Batista

    Gostei bastante da análise, N, me empolgou ainda mais com o jogo, apesar do cagaço. Devo estar com uma hora e pouco de jogatina até o momento.

    Preciso falar sobre esse lance do Mercenários, que sinceramente, nunca foi algo que me apeteceu na franquia. Foi o interessante quando surgiu, mas hoje pouco me atrai. Um modo horda realmente seria muito bem-vindo, principalmente por conta da visão em primeira pessoa.

    Bem, acho que é isso. Ótima análise! 😊

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