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Persona 5 Royal – Phantom Thieves roubaram meu coração

*Este texto não contém spoilers para o jogo*

É difícil sequer saber como começar um texto sobre esse jogo, estou escrevendo logo após terminar o game com um total de 150 horas. Meu objetivo jamais seria converter essas 150 horas de gameplay em 10 minutos de leitura, mas sim, demonstrar o porque dele ser tão precioso, único e merecer uma chance de todas as pessoas que tenham um PlayStation 4 em suas casas.

Antes de mais nada, gostaria de reiterar que essa leitura – NÃO – é uma review e sim uma carta de amor minha para, não só ao jogo em si, mas para todos os fãs.

Eu nunca fui muito fã de JRPGs, seja por serem muito longos, seja por não me fisgarem ou por qualquer outro motivo. Isso mudou quando joguei Fire Emblem Three Houses (Exclusivo de Nintendo Switch lançado em 2019) que fez com que eu abrisse novos horizontes para o gênero, o que depois me levou a Final Fantasy, Octopath Traveler, Dragon Quest e etc. Um pouco depois disso, numa promoção da PSN, eu comprei Persona 5 “Vanilla” mas ficou eternamente no meu backlog, sem nunca nem sequer ter sido aberto.

Foi assim até Maio desse ano, quando meu site de games favorito, Jogabilidade, lançou um Dash Podcast sobre Shoji Meguro, compositor de Persona. As músicas tocadas no podcast foram amor à primeira ouvida. Nunca antes havia ouvido trilhas sonoras tão únicas e incríveis quanto aqueles, fiquei embasbacado e boquiaberto a cada nova música citada, principalmente as de Persona 5 que me chamaram ainda mais atenção. Afinal de contas, uma de minhas paixões (além dos de games) é a música, já que estudei produção musical. Sendo assim, uma boa trilha sonora sempre me fisga.

Após terminar de ouvir o podcast, estava determinado a iniciar, finalmente, minha história por Persona 5. Fiz um tweet sobre e um grande amigo meu, Ghash, sugeriu me emprestar sua conta para poder jogar o Royal ao invés do Vanilla. Aceitei de bom grado e assim começou, ali, o que veio a se tornar uma das melhores experiências com entretenimento de minha vida. O jogo começa num Casino, você está na pele de Joker, codinome utilizado durante o game, já que o nome real do seu personagem é você mesmo quem escolhe. Naquele momento a música é a primeira coisa que já te mostra o clima do jogo. Está tocando Life Will Change, minha música preferida de toda trilha, e você já sente que aquilo não será igual nada que você já viveu antes. É uma música com um baixo criminoso de tão bom que te faz querer começar a dançar assim que ela inicia. Se o groove dessa trilha não te fizer dançar no lugar em nenhum momento do jogo, eu não sei o que vai. É simplesmente contagiante.

Voltando a introdução, você está sendo guiado por seus comparsas, cujo o jogador nada sabe sobre. Após algumas batalhas e muita corrida, nosso protagonista foge do Casino de forma extremamente estilosa e…

Vai preso.

O policial apenas nos diz que alguém do nosso time nos traiu. Nós somos levados a um bunker da polícia no subsolo onde nos torturam para arrancar informações. Lá adicionamos nosso nome e começa de vez a história, com Joker sendo interrogado por Sae Niijima. O jogo basicamente vai se passando em sua maior parte assim, Joker contando os acontecimentos que o levaram até ali para Sae. E nosso maior anseio durante toda a gameplay é chegar naquele momento do início do game e descobrir o que irá se suceder após sermos presos e o que deu errado para chegarmos nessa posição. Essa é a intro do game e é o máximo que falarei de história.

O jogo tem um sistema de batalha por turnos, o que eu amo de paixão, já que é um gênero que gosto tanto e sinto falta de bons jogos do estilo atualmente. Ele é um sistema completamente dinâmico e apesar de muito complexo, ainda é feito com maestria e muita simplicidade na escolha do layout. Você que não é fã de combate por turnos, definitivamente deveria dar uma chance para Persona 5, ele é muito mais dinâmico que qualquer outro game do tipo que já joguei (E acreditem, eu joguei muitos Turn-Based Strategy).

Com tudo isso dito, podemos, finalmente, entrar no assunto principalmente desse texto:

Por que Persona 5 Royal é um jogo importante, principalmente na época que estamos vivendo? Estamos em época de isolamento social, então além do motivo óbvio de Persona 5 Royal ser, além de um JRPG, um social simulation, já faz ele ser um jogo muito atrativo como escapismo, além do altíssimo número de horas. Mas não é isso que quero falar aqui. Persona 5 Royal definitivamente me trouxe lições e mensagens que levarei por toda vida, e também não estou falando apenas das aulas e o que aprendemos juntamente ao nosso protagonista nelas, estou falando de algo muito mais profundo. Esse jogo passa a mensagem de mudar corações com desejos distorcidos, sejam quais forem esses desejos, nesse sentido, Persona 5 Royal conseguiu roubar meu coração. Eu há muito tempo estava me isolando cada vez mais das pessoas que julgo importantes para mim e dos laços que criei, comecei a virar uma pessoa muito fria, evasiva e extremamente antissocial. Algo que antes passava longe de ser. Desprezava o verdadeiro significado de laços entre um e outro e qualquer tipo de comunicação humana que não fosse através de tecnologia e com minha família.

Persona 5 Royal no entanto conta histórias de amizades e, principalmente, laços tão fortes que me fez repensar sobre cada uma de minhas ações. Em um tempo que estamos presos em casa sem podermos sair para encontrarmos as pessoas que amamos, é importante demais não nos esquecermos o que nos faz ser quem somos, nossos laços. Seja com um ente querido, seu amado ou amada, sua família e etc. Nossos laços são o que nos fazem o que realmente somos. É o que nos torna indivíduos propriamente ditos. Eles criam questionamentos, emitem respostas, incentivam, te levantam, e você faz o mesmo por eles. Um jogo jamais fez eu sentir tão forte o quanto isso é importante e nada poderia me fazer realizar esse fato como a história escrita aqui o faz.

Por que Persona 5 Royal faz isso? Se você jogou, já sabe a resposta, se você não jogou, eu não posso contar, ou estragaria a sua experiência. Claro que não é só isso que o jogo faz bem. A mensagem que ele te passa sobre dificuldades, corrupção, a sociedade como um todo, são paradoxos absurdos e algo que eu nunca esperava ver tão bem contado quanto vi por aqui. A história é tão bem amarrada que ela consegue misturar um plot interessantíssimo, personagens carismáticos e mensagens ousadas que pouca gente tem coragem de contar como eles contam.

Claro que não é mil maravilhas e tem seus defeitos, como tudo nesse mundo, nada é perfeito; o jogo mesmo passa essa mensagem. Alguns arcos mal contados ou arrastados e até mesmo deslocados acontecem, mas são uma IMENSA minoria. Talvez você não jogou até hoje por preguiça, por falta de dinheiro ou tempo, ou até mesmo por não gostar do gênero. Independentemente de seus motivos, não poderia recomendar mais do que já fiz durante esse texto, você – realmente – deveria jogar Persona 5 Royal assim que puder.Talvez tudo isso seja muito abstrato para você e não faça sentido, mas garanto que quando você iniciar, ouvir a música, batalhar e conhecer os personagens, tudo fará sentido.

Assinado: The Phantom Thieves of Hearts.

Nota: 9/10

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