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The Legend of Zelda: Skyward Sword HD – o começo, muito melhor que antes

Dez anos depois

Lançado originalmente em 2011, Skyward Sword foi o primeiro (e único) jogo da série feito exclusivamente para o Wii. Sendo assim, o jogo foi projetado totalmente com o hardware do console em mente.

Além disso, também foi lançado em comemoração aos 25 anos da série, sendo o décimo-sexto jogo a levar o nome Zelda.

Em 2021, dez anos após o seu lançamento original, o jogo chega ao Nintendo Switch com uma versão remasterizada em HD, produzida pelo estúdio australiano Tantalus, que não somente o trouxe à geração atual, como também fez melhorias de qualidade de vida, melhorando algumas áreas e corrigindo alguns problemas da versão original.

História

O grande chamariz do roteiro de Skyward Sword é contar a história mais antiga da cronologia fictícia da série.

Enquanto que muitos games recentes optaram por se encaixar após os eventos de Ocarina of Time (Nintendo 64, 1998), em LoZ:SS temos o início de tudo.

Não existem reinos como Hyrule, Vila Kakariko, Montanha da Morte ou outros lugares conhecidos. Ao invés disso, os humanos vivem em uma cidade no céu chamada Skyloft.

Lá, os jovens frequentam uma academia de cavaleiros que usam de grandes pássaros para voar. Neste lugar temos, além de diversos outros personagens, um rapaz chamado Link e a filha do diretor da escola, chamada Zelda.

Aqui a relação deles é muito mais próxima que em outros jogos. Link é amigo de infância de Zelda, e suas conversas nos primeiros momentos de jogo – onde os perigos ainda não começaram – são casuais e divertidas, lembrando muito animes do estilo slice of life.

Temos também um antagonista chamado Groose, que gosta de Zelda e por isso tira um sarro com Link sempre que pode. Gaebora, o diretor da escola, tem uma semelhança — de aparência e nome — com uma certa coruja que ajuda outro Link em outro game da série.

A companheira de aventura de Link dessa vez não é uma fada e sim a personificação da espada; um espírito chamado Fi que ajuda — ou tenta ajudar, na versão de Wii — o nosso herói, dando dicas de batalha e interagindo frequentemente durante a campanha.

Todos esses personagens e outros não citados acima são muito bem expressivos e animados, alguns com certos arcos de side-quests que apesar de simples, ajudam a povoar o ambiente de forma vívida e evitar que o mundo do jogo seja apenas um grande corredor para que o jogador vá de ponto A ao B o tempo todo.

Sendo assim, já é possível notar que houve um esforço em fazer com que a aventura tivesse um foco maior em narrativa. Isso não chega a ser uma inovação, mas sim uma progressão natural que começou com Wind Waker (Gamecube, 2002) e Twilight Princess (2006).

Gráficos e desempenho

Visualmente, o jogo é uma mescla dos visuais dos dois games citados acima. O que foi uma decisão acertada, pois a Nintendo sempre deu a impressão de que o estilo realista de Twilight Princess tinha sido feito para agradar aos fãs ocidentais apenas.

Skyward Sword por sua vez, tem personagens com proporções normais, porém as cores e o design dos ambientes é mais similar a um anime, levemente estilizado porém sem ser cartunesco.

Também ficou de fora o estilo cel-shaded de Wind Waker, com o jogo adotando cores vivas porém sem contorno ao redor dos modelos, tendo apenas um destaque nos lábios dos personagens.

O mundo do jogo não é aberto como em outros jogos. Na verdade, temos sim um overworld onde o jogador pode explorar o céu e pousar em várias ilhas menores ou em Skyloft, sendo essa a única cidade do game.

Isso talvez tenha sido feito com as limitações do Wii em mente, pois sabendo da quantidade limitada de memória RAM do console, fazia-se necessário desenvolver jogos que não exibissem tantos objetos na tela ao mesmo tempo.

Super Mario Galaxy (Wii, 2007) havia sido lançado quatro anos antes de Skyward Sword e já se fazia de um design similar, onde grandes áreas a serem exploradas em jogos anteriores davam lugar a áreas menores e espaçadas, afim de deixar o console respirar e ainda assim entregar um gameplay satisfatório.

Essa escolha funciona bem neste Zelda, porém ela causa implicações de gameplay que serão abordadas mais abaixo.

Sobre o desempenho da versão em HD, a Tantalus fez um ótimo trabalho em deixar o jogo em 1080p e rodando a 60 FPS mesmo em momentos mais frenéticos.

Controles

Os controles desse jogo são um capítulo à parte, realmente. Lançado na época onde os controles de movimento eram a grande novidade na indústria, este Zelda não ficou livre desse tipo de invenção desnecessária.

Link usa a espada de acordo com os movimentos do controle direito do jogador, sendo o Wii Remote Plus em sua versão original ou o Joy-con direito em sua versão HD. Leva-se um pouco de tempo para se acostumar, mas o jogo torna a curva de aprendizado bem natural e simples.

Todos os inimigos necessitam de estratégia para derrotá-los, sendo cada confronto mais impactante que em jogos comuns da série, onde apenas bater com a espada sem pensar já faz o serviço.

Aqui, cada adversário dá dicas de como você deve enfrentá-los. Se as deku-babas (plantas) abrem a boca na vertical, Link deve cortá-las nessa direção; Se os Stalfos se defendem pela direita, é necessário cortá-los pelo lado oposto, e por aí vai.

Outros itens, como o chicote, o arco e até as bombas também fazem uso do controle de movimento, mas tudo funciona bem e de forma natural.

Para quem jogar a versão de Switch, também é possível usar os controles normais sem movimento, onde o controle da espada se faz com o analógico direito. Não é perfeito, mas é funcional.

Gameplay

Do céu que funciona como hub do jogo podemos entrar em outros mapas, que são bem grandes e dividos em outras áreas, funcionando então como o castelo em Super Mario 64 (Nintendo 64, 1996).

Diferentemente de outros jogos da série, esses outros mapas não se limitam apenas às dungeons, mas sim locais onde Link deve explorar e posteriormente sim, entrar nos calabouços fechados, clássicos da série.

O céu infelizmente não é muito interessante de navegar, afinal não há muito o que se explorar. Viajar de um ponto ao outro nesse hub às vezes dá a impressão de que o céu só existe para esticar a duração do jogo, pois claramente seria melhor se houvesse um sistema de teleporte para áreas que já foram visitadas.

Já as dungeons e submapas que as antecedem são maravilhosos. Os quebra-cabeças aqui estão entre os melhores da série. Todos são bem criativos e nenhum é maçante como o templo da água de Ocarina of Time, além de serem muito inteligentes.

As lutas contra os chefes também fazem uso criativo dos controles de movimento e dos itens que Link adquire durante a jornada, sendo necessária a troca rápida entre eles durante as batalhas.

Sobre as melhorias de qualidade de vida, aqueles momentos mais travados, como pequenas quests sem sentido na primeira hora de jogo foram deixadas como opcionais. Fi também não aparece obrigatoriamente na cara do jogador à todo momento; agora suas falas só aparecem em tela quando o jogador aperta o direcional para baixo.

PROS:

  • Ótimos puzzles;
  • História com personagens mais vívidos que em jogos anteriores;
  • Direção de arte competente e bem colorida.

CONS:

  • Controles por botões um pouco confusos;
  • Trilha sonora mediana mas aquém dos padrões da série;
  • Overworld simples e sem muito o que fazer.

PLATAFORMAS:

  • Nintendo Switch (versão análisada; Remaster HD);
  • Wii (versão original de 2011).

NOTA: 8.5/10

The Legend of Zelda: Skyward Sword HD traz para a geração atual um game que pouca gente aproveitou na época, pois seus controles de movimento afastaram até mesmo fãs de longa data da série. Agora rodando em 60 FPS e em full HD, temos a versão definitiva do game, sendo a melhor forma de aproveitar o início da cronologia da série. O game pode ter imperfeições, mais notáveis ainda em um mundo pós-Breath of the Wild (Switch e Wii U, 2017), porém ele deve ser apreciado pelo que é; um dos melhores games de sua geração e com certeza um dos melhores Zeldas em 3D.

Engenheiro Eletricista e banido permanentemente do Twitter. Autor no CyberCafe e Arquivos do Woo. Também estou na Twitch (twitch.tv/HoroJoga).

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