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Fading Afternoon – Ação Nostálgica em 16 bits

Mesmo quem nunca trabalhou na indústria deve seaber hoje em dia o quão difícil é desenvolver um jogo do começo ao fim, sendo ainda mais difícil ainda criar algo que seja capaz de expressar a intenção artística do desenvolvedor. No meio indie vemos cada vez mais destes trabalhos autorais, com uma parcela expressiva vindo da mente de um único criador, como Undertale, Chained Echoes, Fear & Hunger, World of Horror, entre outros. Tudo isso torna ainda mais impressionante o histórico do desenvolvedor, Yeo, que já está lançando seu terceiro jogo Indie, Fading Afternoon, um Beat em Up, que será o objeto desta review.

Em Fading Afternoon assumimos o controle de um integrante da Yakuza, lutando pelo controle de territórios contra outras famílias do crime que atuam na cidade. Logo no início, um desses chefes do crime recruta Seiji após ele ser liberado da cadeia.

A estrutura do jogo é aberta, sem objetivos apontados estritamente no início, utilizando um mapa top down, o jogador escolhe localizações da cidade para visitar e explorar, tendo pequenas indicações de locais sob controle de gangues inimigas. Logo no início, o jogador tem pouco dinheiro, necessitando utilizar os trens para se locomover entre os locais da cidade, e com acesso apenas a um quarto de hotel barato.

Mas, conforme a progressão do jogo ocorre, o jogador passa a ter mais dinheiro e acesso a escolhas que influenciam diretamente no dia a dia de Seiji, sendo através da aquisição de um carro para acesso mais rápido às áreas desejadas, quartos melhores para que o personagem descanse e se recupere dos danos recebidos ao longo do dia, entre outras decisões que cabem ao Player.

O jogo possui um elemento leve de gerenciamento de tempo, não muito diferente do encontrado em séries como Persona, e as decisões mencionadas anteriormente estão atreladas a este sistema. Chegando a locais de trem, resta menos tempo para a exploração e o combate. Escolhendo ficar até mais tarde na rua pode acabar fazendo com que o personagem tenha que dormir em um banco, se recuperando menos para o dia seguinte. Tudo isso somado a atividades como pesca e outros minigames, e mais de um final (spoiler) proporcionam uma boa rejogabilidade a Fading Afternoon.

Mesmo assim, a maior parte de seu tempo de jogo ainda será em brigas com outras gangues na cidade e, satisfatoriamente, o jogo também tem uma variedade interessante de inimigos. Membros de gangues diferentes terão cores de uniformes diferentes e alguns se destacam com estilos de luta distintos, dando aplicações para habilidades novas que podem ser adiquiridas com o tempo, como a habilidade de desarmar e roubar armas de inimigos, quebrando seus membros, entre outros.

Dominando as mecânicas de combate, não é difícil despachar os inimigos, e ganhar mais dinheiro e respeito. O respeito em específico afeta seu desempenho em combates futuros, uma vez que com sua fama, mais membros de sua gangue virão para te ajudar, criando um senso de progressão indireto satisfatório.

Para quem deseja se aprofundar mais no combate, logo no início do jogo, é possível liberar o modo “Rumble” que coloca o jogador em “corredores” de vários inimigos, podendo escolher uma música da trilha sonora e competir por placares de pontuação contra outros jogadores, com base em seu desempenho durante o mapa.

Para os fãs de sidescrollers de combate e jogos com estética pixel art, Fading Afternoon pode ser um prato cheio, com mapas bem desenhados e animações supreendentemente fluídas. O jogo deixa um pouco a desejar com a variedade de ambientes, mas não é algo que seja extremamente prejudicial, ainda mais se levarmos em conta as limitações que vem com apenas um desenvolvedor trabalhando no projeto.

A trilha sonora se destaca, com uma pegada de Jazz urbana e temas que ficarão na cabeça do jogador mesmo após concluir o jogo. O design de sons de combate tem destaques como por exemplo o som satisfatório ao quebrar o braço de um inimigo, ações que tornam o combate mais imersivo.

O jogo funcionou sem problemas durante os testes, tanto no PC quanto no Steam Deck, onde não apresentou qualquer problema, mesmo sem o selo de Deck Certified da Valve. No entanto é importante mencionar alguns problemas com os controles do jogo, com uma disposição não muito ortodoxa. Num controle de Xbox (o mesmo padrão adotado pelo Steam Deck), o botão do A é usado para cancelar/retornar, e ainda mais confuso, o botão utilizado para confirmar é o X (Y do Switch, Triângulo do PlayStation), causando momentos de confusão em alguns momentos durante o jogo, principalmente em janelas de período longas entre uma sessão de jogo e outra.

PROS:

  • Combate variado e satisfatório;
  • Boa rejogabilidade com diversos finais;
  • Trilha sonora e design visual marcante;

CONS:

  • Cenários podem acabar repetitivos no final do jogo;
  • Controles requerem adaptação do jogador, com uma disposição nada ortodoxa;

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam (Chave gentilmente cedida pela Masamune)

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles7
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)8
História:Enredo7
Narrativa8
Arte:Gráficos9
Direção artística9
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora9
Estabilidade10
Otimização10
NOTA FINAL:8.7

Dentro de suas limitações, Fading Afternoon é um excelente jogo para fãs de Beat em Ups com uma estética nostálgica e um fator de rejogabilidade que pode proporcionar uma boa longevidade para o jogo. O sistema de combate é muito competente, com animações fluidas e responsivas, e uma trilha sonora imersiva. A disposição dos controles é um pouco confusa, mas não é algo que não possa ser superado para um jogador que gostando jogo e que se adaptará naturalmente.

Um ávido jogador de Fighting Games e RPGs que descobriu ainda cedo que videogames podem ter algumas das narrativas e experiências mais intrigantes do entretenimento. Perde a noção do tempo enquanto passa horas estudando sobre a lore de seus games favoritos.