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Kunai – Robôs, Ninjas e Plataformers

Kunai é um metroidvania/plataformer sobre um tablet ninja em um mundo pós apocalíptico onde só o que existem são inteligências artificiais, geralmente representados como um monitor CRT com corpo. O protagonista, Tabby, foi ativado pela resistência que visa contra-atacar um vilão que almeja criar uma utopia não se importando com os custos.

Desenvolvido pelo estúdio independente Turtle Blaze composto por 3 pessoas, é um jogo simples que cumpre o que promete em boa parte. Com controles responsivos, ótima mobilidade, level design funcional e boas batalhas contra chefes, Kunai oferece um ótimo conteúdo pelo seu preço e tempo, apesar de raramente se distinguir de jogos similares do gênero.

Seus visuais remetem a técnicas de jogos clássicos como ter uma paleta de cores distinta entre as várias telas, o design de personagens aliados e inimigos também são separadas por cores facilmente distinguíveis (azul e vermelho), a textura de superfícies instintivamente comunicam ao jogador se é possível escalar tal parede ou não. O mais memorável nesse quesito com certeza é o trabalho posto no próprio Tabby, com várias expressões diferentes para as mais variadas ações. É um personagem que simplesmente exala carisma.

:3

A história e ambientação não são muito criativas, seu tema pós apocalíptico nunca é usado de forma interessante. Diálogos com NPCs servem apenas como direção para seu objetivo ou como algumas piadas para distrair. Porém esse claramente não é o foco do jogo, então isso rapidamente cai para segundo plano.

Sua trilha sonora se destaca mais. Fazendo bom uso de tons de 16 bits e músicas eletrônicas elas não só se encaixam perfeitamente ao jogo como também são agradáveis de se ouvir repetidamente.

Agora sobre o principal ponto do jogo, sua jogabilidade:

Suas mecânicas são muito bem executadas, pegando inspirações em vários jogos do gênero e afinando-as para seu uso. São ótimas idéias, porém o design dos níveis e inimigos falham em trazer seu verdadeiro potencial.

Em combate, Kunai se assemelha bastante a Strider. Seus ataques não são cadenciados e saem o quão rápido o botão for apertado, balas podem ser refletidas com a espada, temos algumas opções de combate a distância limitados por um cooldown curto, sua mobilidade é a única forma de prevenir ataques. É uma fórmula simples, diferente o suficiente para não parecer derivativo e bem feito para que os controles sempre reajam exatamente como esperado.

O primeiro problema vem com os inimigos, de início eles não são uma ameaça, como esperado para ambientar o jogador em sua jogabilidade, mas conforme o jogo vai progredindo e adicionando novas mecânicas algo simplesmente não bate. Inimigos mais fortes tem uma defesa que nulifica todos seus ataques ou outros com investidas rápidas (ou em área) que são extremamente difíceis de se esquivar com a mobilidade inicial. Em ambos os casos o jogo tem uma ferramenta para se lidar, mas são os dois últimos poderes a se desbloquear. O que leva ao segundo problema.

Level design é discutivelmente o aspecto mais importante de qualquer plataformer. É um gênero simples em mecânicas, sua complexidade vem na exigência de dominar suas habilidades e executá-las com poucos erros. Esse design é a única forma de exigir tal conhecimento dos jogadores, tendo obstáculos colocados de forma a barrar o seu progresso até uma certa experiência for adquirida. Kunai tem raros momentos que fazem isso. Também há um pequeno problema de ritmo no jogo, onde seu começo se arrasta por mais tempo do que deveria e há poderes que só são desbloqueados muito para a frente comparado sua utilidade.

Um dos raros momentos onde o jogo exige sua coordenação para passar de tela.

Apesar de suas falhas nesses pontos, a qualidade da experiência oferecida não sofre muito. Seus níveis podem ser irregulares, mas quase sempre acomodam diferentes estilos de jogo para que nunca caia em mesmice. As telas têm uma boa dose de segredos que são típicos do gênero, adquiridos por atenção ou testando paredes suspeitas. Há poucos momentos onde o jogador recebe dano ou um insta-kill que parece injusto. Em suma, seu level design pode não ser excepcional, mas é funcional.

Batalhas contra chefes são extremamente criativas e facilmente o ponto alto do jogo, são lutas suficientemente desafiadoras, porém igualmente intuitivas para que possam ser completadas com reflexo apenas ao invés de exigir memorização de padrões de ataque.

Kunai é honesto no que se propõe, seus trailers transmitem perfeitamente sobre o que é o jogo, não é nenhuma gema escondida e nem uma perda de tempo.

Mas posso dizer tranquilamente que é o melhor “jogo de tablet” que eu já joguei.

Mas posso dizer tranquilamente que é o melhor “jogo de tablet” que eu já joguei.

PROS:

  • Movimentação muito bem executada;
  • Exploração satisfatória;
  • Ótimo designs de chefes.

CONS:

  • Início de jogo desnecessariamente lento;
  • Progressão de poderes irregular;
  • Não se sobressai em nada do que faz.

PLATAFORMAS:

  • PC (Plataforma analisada, chave concedida por The Arcade Crew)
  • Nintendo Switch

NOTA: 6/10

“Kunai é um jogo honesto no que se propõe, com certeza irá agradar fãs do gênero mesmo com suas perceptíveis falhas. Servindo de um bom ponto de partida, o estúdio Turtle Blaze pode vir a surpreender ainda no futuro.”

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