Eiyuden Chronicle: Rising – Divertido, porém insuficiente.
Anunciado em meados de 2020, Eiyuden Chronicle é o sucessor espiritual de Suikoden, um JRPG muito bem-conceituado dentro de seu nicho. Mesmo sendo uma franquia dormente por quase duas décadas, sua campanha de Kickstarter foi financiada em um pouco mais que três horas desde sua postagem, tamanho era o interesse em um novo jogo desse calibre.
Eiyuden Chronicle: Rising não é esse RPG entretanto. Conforme anunciado na E3 da Bethesda/Microsoft em 2021, o jogo teria uma prequel (como é conhecido histórias que se passam antes do evento principal) para o RPG que está planejado para 2023, Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes. Rising foi apresentado como um metroidvania que visava introduzir o universo desse novo jogo e, curiosamente, falha em ambos os objetivos, mas ainda consegue ser divertido.
Jogabilidade
Em primeiro lugar, Rising nem sequer tenta ser um metroidvania. Apenas pelo trailer é impossível julgar, mas o jogo é primariamente um RPG apenas com leve elementos de plataforma. Seu level design é extremamente simples, seus poderes são lineares, e quase não há exploração ou quebra de sequências para se encontrar. Além do mais, a dificuldade do jogo é trivial para quem tem familiaridade com o gênero. O mínimo de otimização fará com que não haja nenhum empecilho durante toda a jornada.
O combate é divertido, especialmente quando começa a se liberar mais link attacks e ataques elementais. Infelizmente esse sistema nunca é posto ao teste tendo em vista o quão fácil é subir de nível e melhorar o equipamento a ponto de simplesmente andar e atacar sem pensar. Na maior parte do tempo, Rising lembra mais um MMO onde se anda de ponto A até B matando inimigos e coletando recursos de forma mecânica, o que é um tipo de experiência que pode ser divertida, mas pode ser decepcionante quando se espera outra coisa.
Especialmente tendo em vista que o maior pecado de RPGs está onipresente aqui – fetch quests. A comparação com MMO fica ainda mais apta quando se considera a quantidade enorme de quests que simplesmente exigem pegar uma quantia X de tal material ou se parte numa sequência de conversas com NPCs na cidade.
O jogo é excelente em evitar o tédio dessas tarefas com um sistema de selos que te providencia com recompensas a cada 10 quests completas e sendo possível completá-las de forma retroativa se já tiver os materiais em mão. Tendo em vista que o foco do jogo é o desenvolvimento da cidade de New Nevaeh, isso raramente chega a incomodar, mas ainda é perceptível a quantidade absurda de “vai e vem” que é exigido do jogador.
História
O que é menos perdoável é a idéia de que Rising deveria servir como introdução ao universo de Eiyuden. Fazendo absolutamente tudo e sendo minucioso na exploração, o jogo tem 15 horas de duração, o que é o suficiente para uma experiência satisfatória. Porém, o que não é suficiente é que apenas uma fração desse tempo seja usado como fundação para o mundo de Eiyuden.
Durante a maior parte do tempo passado em New Nevaeh a história é completamente inconseqüente a qualquer evento fora da cidade. De fato, até 80% do jogo a história é esquecível. Apenas na reta final se começa a revelar certos nomes, nações e dinâmicas de poder entre elas, o que é completamente inaceitável para um título que se apresenta como sucessor espiritual de Suikoden.
O que é uma pena porque a breve demonstração que o jogo dá com certeza é interessante. Com um diálogo típico de um bom JRPG, incluindo os momentos ótimos e piegas. Não é que a história do jogo seja ruim, mas é insuficiente para sua proposta e é estruturada como um RPG de mais de 100 horas de duração mesmo sendo um dungeon crawler de 10.
Em suma
Juntando todos os elementos, não pode se dizer que Eiyuden Chronicle: Rising é uma falha. Não há nada no jogo que possa ser chamado de ruim, mas ao mesmo tempo não há nada que seja excelente a ponto de ser uma recomendação clara. É um jogo que entrega o suficiente pelo preço pedido, mas que parece insuficiente pelo que deveria ser. Para quem está esperando o RPG de fato em 2023, Rising é dispensável. É apenas um dungeon crawler divertidinho.
PROS:
- Simplório e divertido;
- Inexplicavelmente viciante;
- Clássica narrativa de JRPG;
- Distintamente old-school.
CONS:
- Extremamente fácil;
- A história é insuficiente como introdução;
- Um pouco curto;
- Excesso de fetch quests e pequenos atrasos.
PLATAFORMAS:
- PC – GOG, MS Store (Gamepass, Plataforma analisada), Steam;
- Nintendo Switch;
- PlayStation 4 / 5;
- Xbox One / Series.
NOTAS:
Jogabilidade: | Qualidade dos controles | 8 |
Design (Level design, dificuldade, conectividade dos sistemas em geral) | 6 | |
História: | Enredo | 6 |
Narrativa | 8 | |
Arte: | Gráficos | 5 |
Direção artística | 6 | |
Audio: | Efeitos Sonoros | 7 |
Trilha Sonora | 8 | |
Port | Estabilidade | 10 |
Otimização | 10 | |
NOTA FINAL: | 7.4 |
Eiyuden Chronicle: Rising é quase um Grand Chase single-player. Isso deve ser o suficiente pra cada um saber se vale o seu tempo ou não. De resto, ainda na espera do RPG de 2023 porque esse aperitivo quase não parece ter relação, mesmo tendo potencial para ser algo mais interessante.