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Fire Emblem: Three Houses — Uma obra-prima no Nintendo Switch

Fire Emblem: Three Houses é a décima sexta entrada da franquia Fire Emblem. Esta conta a história de Byleth, ou o demônio pálido, como é conhecido entre os mercenários que convive. O jogo é um JRPG de estratégia tática e permite um profundo combate entre exércitos, além de desenvolvimento de personagens como nenhum outro.

Byleth teve um nascimento obscuro que escondido por seu pai, Jeralt, seu único companheiro e grande amigo. Em uma emboscada a uma vila em Fódlan, continente onde se passa o jogo, nossos protagonistas conhecem Edelgard, Dimitri e Claude, representantes das três grandes casas do local: Black Eagles, Blue Lions e Golden Deer, respectivamente.

Por ajudá-los, você e seu pai são encaminhados ao antigo local de trabalho de Jeralt – o monastério de Garreg Mach, onde os três líderes estudam para serem os futuros líderes de suas terras, cada um com suas próprias ambições.

Garreg Mach é liderado por Rhea, a arcebispa da Igreja de Seiros. Rhea ao receber a equipe percebe uma impactante presença em Byleth e decide convocá-lo para ser professor de uma das turmas da escola de elite presente no monastério: uma decisão que cabe unicamente ao jogador, após conhecer a todos os únicos personagens no monastério, as casas e todo o ambiente ali presente.

Uma vez que você faz sua decisão, você e seu pai começam a trabalhar para a igreja tanto como professor como em missões mercenárias. Você além de realizar combates tanto propagados pela franquia, é responsável por ministrar aulas e tutorar individualmente seus alunos, para que estes tenham suas habilidades individuais aproveitadas ao máximo.

A relação professor-estudante aqui, conhecida pelo público comicamente como “jogo de Harry Potter”, é uma das coisas mais incríveis deste jogo. A exploração do Monastério te permite desenvolver relações profundas de amizade (e até amorosas), o que intensifica as interações entre seus personagens na hora do combate, permitindo combos que são mais que essenciais para alcançar seus objetivos.

As interações que você tem com os personagens, não apenas desbloqueiam cenas que aprofundam o nível da relação, como também abre caminhos para que terceiros interajam com seus alunos, e eles consigo mesmos. Isso permite que cada um seja único e todos cresçam em conjunto.

Paralelamente ao rico sistema de tutoria e amizade, o protagonista pode formar amizades com alunos de outras casas baseadas em interesses em comum (ou habilidades em comum). Treinando Byleth com os diversos professores e funcionários da academia você também pode crescer e, ao chamar a curiosidade de alunos de outras casas, pode até recrutá-los para a sua casa, o que vai além de prejudicar a outra casa, beneficiar a sua.

Além destas atividades de treinamento, Garreg Mach te oferece missões secundárias, atividades como jardinagem, canto gregoriano, aconselhamento anônimo, cozinhar, dividir refeições, tomar chá e PESCA (este último, como qualquer RPG que se preze). Além de uma grande variedade de membros e estudantes únicos com uma grande árvore de diálogos que é disponibilizada naturalmente ao decorrer da história, também temos um mercado que cresce junto do monastério.

O mercado de Garreg Mach é mais que útil e bem-vindo às necessidades do jogador. Nele temos compra e venda de bens consumíveis, assim como presentes que podem ser usados para convencer ardilosamente certos bonecos, armas e armaduras que podem ser, além de compradas e vendidas, melhoradas e consertadas e barracas de tropas que podem ser convocadas e renovadas para seu exército.

Three Houses faz um trabalho excelente com sua estratégia por turnos. Como previamente citado, é permitido que você faça combos entre personagens que são de diversas classes diferentes, cada um com suas habilidades e fraquezas específicas.

Além combos, o jogo também te permite especificar exércitos para seguir específicos membros da sua equipe. Isso da ainda mais uma dimensão a suas habilidades: seja para beneficiar sua equipe ou prejudicar a inimiga, podendo até afetar o mapa.

O campo de combate é bem variado e cada tipo de área tem diferentes fatores que podem te beneficiar ou prejudicar. Além disto, construções podem ser destruídas para abrir caminho ou sobrevoadas dependendo da classe de seu personagem.

Os inimigos também não devem ser subestimados. A variedade de exércitos, soldados, magos e até monstros gigantes pode te devastar com um único movimento mal feito, levando seus colegas para a morte (que pode ser permanente dependendo do modo de jogo).

Felizmente, tem uma deusa dentro da sua cabeça que te da o incrível poder de voltar no tempo em alguns turnos. Esta habilidade é limitada e pode te ajudar a recuperar amigos perdidos, assim como salvar sua própria pele. Este poder é extremamente bem balanceado, então não é algo que tira a graça das perdas (até entender como funcionava, eu mesmo perdi dois estudantes).

A primeira metade anda ao redor do mistério da origem de Byleth e como isso se conecta com o que está ocorrendo em Fódlan. Esse mistério, junto do desenvolvimento de personagens, segura o jogador o motivando a jogar cada vez mais e explorar cada aspecto que o jogo oferece.

Após um certo tempo, intrigas ocorrem e nosso protagonista é incapacitado de agir. Isso divide mais uma vez a história, mas dessa vez colocando todo o panteão de Three Houses em contenda. Colegas de outras turmas viram seus inimigos e você deve lidar de uma forma ou de outra com isto, dependendo de sua rota.

É impressionante a forma como a divisão de rotas foi construída e expande monumentalmente a jogabilidade desse jogo, que contará no futuro com até quatro ondas de expansão.

Para finalizar, deve-se enaltecer dois pontos muito importantes neste jogo: os gráficos e a trilha sonora, acompanhada do design sonoro.

Os gráficos de Three Houses são intrigantes. Durante combate, o jogador fica vidrado nas animações, o que não ocorria em títulos anteriores da franquia. O mundo a ser explorado também é excitante e belo, porém as interações entre personagens deixam um pouco a desejar.

Em cutscenes não pré-renderizadas, os personagens falam em uma sala cujo fundo é uma imagem em 360º, cuja borda é horrorosa. Apesar disso, as animações dos personagens são bem feitas, o que enaltece suas personalidades… o que seria perfeito se a otimização gráfica não fosse pobre, deixando grave serrilhado fora destas cutscenes.

Por outro lado, a dublagem desse jogo é coisa de outro mundo. Além de ser extremamente vívida e contar com presença em todos os diálogos do jogo (que não são poucos), da um charme ainda maior aos personagens.

O jogo também é narrado pelo pai de Byleth, Jeralt, e em todo começo de mês ele conta quase como um conto de fadas sobre as estações do ano, paralelamente ao ocorrido do momento em Fódlan.

Dito tudo isso, a trilha sonora desse jogo merece um redondo 10 de 10. Contando com um tema cantado por Edelgard, Edge of Dawn é uma das melhores músicas de video game já feitas.

Além disto, as músicas de ambiente e combate são extremamente variadas e compatíveis com o momento, variando entre gêneros improváveis que emocionam o jogador até mesmo após descerem os créditos.

Pros:

  • Combate rico e desafiador;
  • Desenvolvimento de personagens carismáticos;
  • Mistério da história;
  • Atividade extra-curriculares;
  • Mundo interessantíssimo;
  • História complexa e extensiva;
  • Rotas extremamente variadas.

Cons:

  • Pequenos bugs gráficos em diálogos.

Notas:

Jogabilidade:Qualidade dos controles10
Design10
História:Enredo10
Narrativa10
Arte:Gráficos10
Direção artística10
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora10
PortEstabilidade10
Otimização10
NOTA FINAL:10.0

Plataformas:

  • Nintendo Switch (plataforma analisada)

Seus múltiplos e carismáticos personagens prendem e conquistam o jogador, assim como a triste e épica história de Byleth. Fire Emblem: Three Houses é meu atual jogo do ano e talvez o JRPG mais complexo que já tive oportunidade de jogar.

Engenheiro de Software, Game Dev e Criador de Conteúdo.

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