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The Outer Worlds — Não é a melhor escolha, é a Escolha do Espaço™!

Após um período de incerteza financeira e projetos menores para se reerguer, o estúdio Obsidian Entertainment volta aos holofotes com um novo WRPG com fortes raízes em seu trabalho anterior; Fallout New Vegas.

O jogo conta a história da colônia de Halcyon, formada após a humanidade inventar meios de viagem espacial entre sistemas planetários. Uma nave de colonos Hope foi enviada inicialmente, mas se perdeu na viagem e nunca chegou ao seu destino. Halcyon foi então formado por outros colonos, e nunca mais se ouviu falar sobre a Hope… Até o seu personagem ser reanimado por um cientista.

Como costume em WRPGs, o protagonista da história é modelado pelo jogador. A criação do personagem vai de uma tabela de status, afinidades e aparência. Após criar o personagem, começamos a jornada em descobrir os problemas de Halcyon e escolher se iremos ajudá-los ou explorá-los.

Outer Worlds é um jogo complicado de se analisar em narrativa justamente pelo quão adaptativa ela pode ser. Halcyon pode ser moldada pelas suas escolhas, alterando não só como diferentes facções te tratam, mas também onde elas habitam e quais áreas você tem acesso. Dentro dessa premissa, as escolhas que o jogo te apresenta são muito mais do que algumas linhas de diálogo, muitas delas irão afetar quais cidades você pode visitar, quem irá te ajudar, ou quem irá te caçar sem medir esforços.

A única parte da narrativa que não muda é o tema central de uma distopia capitalista, onde Halcyon é governada por corporações que visam o maior lucro possível mesmo que seja necessária exploração humana. Provando ser um ótimo exemplo de como temas intrinsecamente políticos podem ser usados em jogos de forma excelente, o único ponto fraco é a falta de originalidade como o tema foi abordado com sátiras e exageros, sendo muito parecida com a premissa de Borderlands. Apesar desse problema, os personagens chave são suficientemente bem escritos para que não sejam apenas caricaturas de seus ideais e tenham um carisma que tenham peso em cada decisão.

Fora isso, a liberdade que se tem para resolver impasses e problemas é impressionante. Usar de lábia para enganar, convencer ou intimidar alguém. Talvez ciência, engenharia, hacking ou arrombamento para outros. Se tudo o mais falhar, sempre há a violência seja com armas brancas ou de fogo. Em nenhum momento você é forçado a seguir um caminho específico. Seu objetivo as vezes é fixo, mas os meios para consegui-lo é de total autoria do jogador, permitindo um verdadeiro role-playing para que você possa ser o personagem que bem entender. Para cada dilema moral também sempre existe uma “opção C” a ser explorada, nem sempre tendo efeitos só positivos.

Apesar de tamanha variedade, não é possível fazer um playthrough completamente pacifista. Fora dos muros das várias cidades e civilizações existem vários inimigos sejam a fauna feral de cada planeta ou saqueadores que não podem ser negociados. Para essas situações, ou qualquer outra que o diálogo for insuficiente, o combate é suficientemente satisfatório. Oferecendo um pouco de estratégia junto com as mecânicas de shooter foi incluso a mecânica de Tactical Time Dillation (TTS) que funciona como um slow motion. Ao ficar parado é possível analisar os inimigos, seus valores de HP, armaduras, pontos fracos e possíveis incapacitações ao mirar em diferentes partes do corpo, como por exemplo redução de precisão ao mirar na cabeça ou redução de velocidade quando atirar nas pernas. O TTS serve primariamente como uma “pausa ativa” nos combates para planejar os próximos movimentos. Apesar de ser possível atacar durante o slow-mo, a barra é consumida rapidamente ao atacar se não houver pontos nas habilidades corretas.

Com uma decente variedade de armas, três tipos de munições, e dois arquetipos de armas brancas, Outer Worlds tem um ótimo balanço entre um Action RPG e um FPS durante suas lutas.

E como uma das melhorias mais notáveis no gênero, foi o sistema de aliados que pegou várias inspirações em RPG tradicionais e JRPG, um sistema de party. Todos os personagens que podem ser recrutados viajam junto com você a bordo de sua nave, a qualquer momento é possível levar um ou dois deles em exploração e usar suas habilidades especiais em batalha. Além do mais cada aliado tem bônus passivos enquanto estão na party. Entre eles temos um limite de carga maior (foram-se os dias de ficar passando itens individuais para carregar mais), acréscimos a habilidades específicas (uma mecânica dá pontos adicionais em engenharia, um rufião em arrombamento, por aí vai) e uma IA customizável para ser agressiva, defensiva ou furtiva. E como um toque de personalidade a cada um deles, cada combinação tem diferentes diálogos e dinâmicas. Tais interações até mudam com o tempo, depois que se completa as quests do personagem e você deixa sua marca, seja ela boa ou ruim.

Pros:

  • Um mundo completamente modelável pela suas escolhas;
  • Liberdade em como jogar;
  • Combate fluido e responsivo;
  • Belo design artístico para diferentes planetas e biomas;
  • Personagens carismáticos.

Cons:

  • Cada planeta individualmente é pequeno;
  • Menos ênfase na exploração comparado a média;
  • Algumas instabilidades e bugs para PC.

Nota: 7.5/10

Plataformas:

  • PC (plataforma analisada);
  • PS4;
  • X1;
  • Nintendo Switch (2020).

Em suma, Outer Worlds é exatamente o que promete ser. Para quem conhece o trabalho da Obsidian é como visitar um velho amigo, tudo que se espera é entregue. Para os iniciantes no gênero, não há um melhor ponto de partida, com um ótimo balanço entre dar liberdade para o jogador criar o seu caminho e objetivos bem definidos, é um WRPG exemplar e uma bela adição ao gênero.

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