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Savant Ascent Remix – Álbum interativo (e masoquista)

Savant Ascent Remix é uma versão estendida do jogo de mesmo nome lançado em 2013. Os dois foram idealizados pelo músico Savant e co-desenvolvido por D-Pad Studio – o estúdio por trás de Owlboy.

A melhor forma de se explicar o projeto é traçando uma comparação com um outro jogo parecido: Touhou. Ambos os jogos foram idealizados por músicos e, conseqüentemente, trazem consigo uma excelente trilha sonora. São jogos no gênero de “navinha” (ou shoot’em up) com um distinto estilo artístico. E os dois são extremamente difíceis…

Savant Game Over
Acostume-se a ver essa tela

Justamente pelo gênero que Savant é, não tem muito o que se escrever do jogo que seja inesperado. É um jogo curto (por voltar 1~2 horas de duração) cujo conteúdo vem do desafio de completar ele inteiro com um “crédito. Ou seja, sem usar retries.

Sendo justo com Savant, ele não chega a ser um jogo de nave comum. Diferente das duas variações da fórmula que simplesmente mudam a direção que a tela anda (vertical e horizontal), Savant faz uso de algumas mecânicas diferentes.

Ele quase parece um jogo de plataforma de início. O protagonista – o Alquimista – entra por uma janela e se move entre dois extremos de uma plataforma. Temos controle omnidirecional do tiro, bem como um twin-stick shooter, e a movimentação é restrita a esquivar entre as duas plataformas ou pular.

É um sistema simples, mas um que não tarda em aumentar a complexidade com hordas de inimigos que não morrem a tempo com o seu tiro, e vários padrões de ataques que exigem uma única resposta para evitá-los. A dificuldade de Savant é brutal, mas mais pela decoreba que precisa para passar as telas do que por um desafio de reflexos.

O modo normal conta com checkpoints em momentos chave, o que faz com que seja relativamente fácil “zerar” o jogo. Mas a repetição em ver a introdução dos chefes todas as vezes pode chegar a ser extremamente irritante até pegar a manha dos macetes que a luta exige.

Diferente do jogo original, em Remix todas as habilidades são dadas logo de cara. Algo que é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom por sempre ter o kit completo para se acostumar desde o começo. Ruim porque não existe nenhuma outra forma de progressão a não ser coletar CDs para liberar a playlist e tentar placares melhores cada vez.

A história também não tem uma presença muito grande no jogo. A maior parte do enredo é entregue simplesmente na página de venda do jogo, e as poucas cutscenes e eventos que decorrem ao passar do jogo adicionam muito pouco para se interessar.

Claro que jogos de nave não são conhecidos por serem experiências narrativas, mas nada impediu Ikaruga, Einhänder, Caladrius Blaze ou Giga Wings de tentarem. Savant simplesmente se contenta em manter o status quo.

Onde o jogo realmente se sobressai, porém, é em tudo que se trata de valor artístico. Os visuais são excelentes, com sprites parecidas com as de King of Fighters XIII. As animações de todos os personagens e inimigos são extremamente bem feitas, e é um jogo com cores vibrantes que nunca atrapalham na visibilidade.

E é claro, a música. Sendo um jogo idealizado por um músico que lança de 3 a 4 álbuns por ano, é de se esperar que fosse um dos pontos fortes do jogo. Mas ainda vale ressaltar, é uma trilha sonora excelente. Para quem gosta de música eletrônica, é um prato cheio. E para quem não, provavelmente esse jogo pode te fazer mudar de idéia.

Savant chega a ser uma masterclass em como fazer um concerto funcionar em forma interativa. A combinação de visuais excelentes e uma uma trilha sonora eletrizante com inimigos e ataques sincronizados com a batida é um espetáculo de se ver.

Então… Savant Ascent Remix vale a pena?

Jogos de navinha (shoot’em ups) são um gênero que não veêm muitas inovações ou até mesmo variedade no mercado. Como resultado, são de um nicho bem limitado. Para quem gosta do tipo de jogo, Savant com certeza oferece o tipo de coisa que procuram. Mas infelizmente, para todos os outros existem poucos motivos para se jogar além da música excelente e visuais lindíssimos. É um jogo bem padrão dentro de sua classe.

PROS:

  • Excelente trilha sonora;
  • Excelentes visuais;
  • Uma boa variação dos jogos de navinha (shoot’em ups).

CONS:

  • Pouco conteúdo;
  • Exige muita decoreba para completar.

PLATAFORMAS:

  • PC – GOG, MS Store (Gamepass), Steam (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por);
  • Nintendo Switch;
  • PlayStation 4/5;
  • Xbox One /Series.

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles9
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)7
História:Enredo5
Narrativa5
Arte:Gráficos10
Direção artística10
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora10
PortEstabilidade10
Otimização10
NOTA FINAL:8.6

Savant Ascent é indiscutivelmente um jogo bom. Eu só questiono se ele realmente oferece o valor que pede quando se compara quais outros jogos podem ser comprados com a mesma quantia. Se nada mais, eu posso tranqüilamente recomendar que a trilha sonora vendida separadamente com certeza vale. Se pensar o jogo como um souvenir eu acho que combina perfeitamente. Com certeza uma das coisas mais legais que um álbum poderia fazer.