Melty Blood Type Lumina – Pelo poder de Neco Arc e Anime
Apesar de quase todo ano ter um lançamento interessante, boa parte dos jogos de luta parecem participar de uma certa “geração”. Tekken 8 e Street Fighter 6 já estão dando sinais de aparição, KoF XV já tem data de lançamento, Guilty Gear finalmente saiu de seu nicho para o mainstream do gênero, e agora Melty Blood também retorna depois de uma década. A nova temporada de jogos de luta está aqui, e com ela miraculosamente temos o reconhecimento de desenvolvedoras japonesas a importância de um netcode bom. O que antes só existia em jogos indies, agora provavelmente será a norma.
Melty Blood Type Lumina é um reboot da história acompanhando os remakes de Tsukihime. Originalmente a série se passava depois dos eventos da visual novel, porém agora o jogo serve de prequel para os eventos de “A Piece of Blue Glass Moon”. O jogo conta também com a expertise do veterano do ramo, Yoshinori Ono, que recentemente saiu da Capcom para a Delight Works.
Abordando primeiro o aspecto da visual novel, o jogo não contém nenhuma história significativa para o entendimento do remake. O modo história é separado por personagens e é basicamente um modo arcade onde 2~3 telas tem algum diálogo expositivo e nada realmente importante acontece. Fora isso modos single player contém Score Attack, Time Attack, Survival e Boss Rush. Também há três modos de treino. Tutorial que ensina todas as mecânicas do jogo em detalhe, uma boa adição e competente o suficiente em explicar tudo que se precisa saber para jogar Type Lumina, porém com o excesso de mecânicas e interações entre elas provavelmente será muita informação para a maior parte dos jogadores. Mission que contém uma seleção de combos para cada personagem demonstrando o que se pode fazer tanto com auto-combo quanto sem ele, uma boa forma de se acostumar com os personagens e achar o seu main. E o clássico modo treino para afiar suas habilidades antes da rankeada.
Um diferencial dos jogos de luta modernos, todo personagem possui 3 seleções de cores onde o jogador pode customizar o personagem pintando vários aspectos da roupa de cada um. Um sistema de expressão pessoal onde não é necessário qualquer microtransação é bem-vindo ao gênero. Há também uma galeria com várias artes conceituais, sprites e registros das histórias que foram liberadas.
Fora a isso, Melty Blood não tem nada mais do que um jogo de luta comum: treine seu personagem favorito e compita contra outros jogadores. O netcode é amplamente estável, porém slowdowns no começo de partidas é comum. Caso os jogadores não cortem a introdução e esperem o jogo sincronizar, a partida é suave de começo a fim, porém não é um hábito comum e provavelmente será algo que estragará uma boa parte de partidas. A falta de crossplay também é um problema para um jogo que ainda é de nicho, a base de jogadores está separada em 4 plataformas diferentes que não podem jogar entre si.
Quanto a jogabilidade em si, Type Lumina tem uma das melhores iterações de auto-combo até hoje. Apesar de não ser opcional como BlazBlue, há vários momentos que mesmo em um combo otimizado é possível usar Rapid Beat para simplificar os comandos sem perder dano. Para quem é novo no jogo há uma opção de transformar qualquer hit em um combo simples, ao aprender um pouco como o sistema de gatling funciona é capaz criar combos extensos sem muito esforço. É uma implementação intuitiva e que está em harmonia com o design do jogo, sendo ótimo para novos jogadores e algo a se aprender para masterizá-lo. O jogo neutro, porém, está entre os mais caóticos do gênero. Todo personagem tem múltiplas opções aéreas, a velocidade de corrida é universalmente grande e quase todo personagem dispõe de algum golpe que cubra distância rapidamente. Em um geral, Melty parece simples de se começar, mas é um dos jogos mais difíceis de se aprender a fundo ou em uma capacidade semi-profissional.
De resto não há nada realmente inovador ou diferente que MBTL traga ao gênero, é apenas um bom jogo em um gênero que já é meio nicho. A versão da Steam veio com um excelente preço regional, porém houve alguns problemas de estabilidade no lançamento. Agora foram corrigidos e a trava de região foi removida. Em suma, é um bom jogo para quem já estava na espera, mas não faz nada que realmente chame atenção caso contrário. Sua movimentação frenética e abundância de mecânicas pode fazer o jogo parecer esmagador as vezes, mas todo jogo PvP exige uma certa dedicação para subir nos ranks. Infelizmente não há uma boa quantidade de conteúdo single player que seria esperado de um spin-off de uma visual novel. O modo história é apenas arcade com algumas linhas de diálogo espalhadas, Score Attack e Time Attack são arcade sem qualquer diálogo e Survival é o de sempre. Infelizmente não há nada que faça Melty Blood finalmente sair do nicho, mas pelo menos é bom o suficiente para agradar fãs.
PROS:
- Excelente trabalho com sprites 2D;
- Customização de personagens permite expressão pessoal sem quaisquer microtransação;
- Tutorial completo em ensinar todas as mecânicas do jogo;
- Bom (mas não ótimo) netcode;
- Simplesmente divertido de se jogar.
CONS:
- É um dos jogos de luta mais rápidos, o que pode dificultar aprendizagem para novos jogadores;
- Pouco conteúdo single player;
- Apenas 14 personagens, dos quais 2 são apenas variações do mesmo personagem;
- Muito mais mecânicas que a média de um jogo de luta, masterizá-lo é extremamente difícil;
- Por qualquer motivo também não possui cross-platform para achar partidas mais facilmente.
PLATAFORMAS:
- Nintendo Switch;
- PC – Steam (plataforma analisada);
- PlayStation 4/5;
- Xbox One / Series.
NOTA: 7.5/10
Não somos muito experientes com Tsukihime e Melty Blood, porém Type Lumina parece ser um bom ponto de entrada para quem gosta dos personagens, mas não é muito familiar com jogos de luta, ou então gosta de jogo de luta. Infelizmente ele não é muito mais que isso, fora o foco competitivo o conteúdo single-player deixa a desejar e a história acrescenta pouco ao cânone da franquia. Atualmente a versão para computadores está a mais generosa quanto ao seu preço, então recomendamos caso preço seja um fator de decisão de compra.