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StarExcess — Uma tentativa de homenagem

Starexcess é uma homenagem aos shoot’em ups ou “jogos de navinha” de antigamente. Em sua apresentação fica claro suas inspirações com visuais e músicas retrô, porém o jogo pena em manter o nível de qualidade que seria esperado.

Os visuais de pixel foram bem trabalhados, mas decepcionam na sua execução. A maior parte das telas sofre de um sério problema de design, são derivativas e incompreensíveis sobre o que deveria ser. Não fica claro se estamos sobrevoando uma battleship gigante, ou um planeta/arma como a estrela da morte, ou sequer fica claro se estamos dentro de algum lugar ou em espaço sideral. É impossível distinguir o que exatamente era a intenção, e como resultado parece que você está sobrevoando um papel de parede, parte da emoção se perde aí. As telas que não sofrem desse problema, geralmente a segunda parte do jogo, sofrem de repetição. A duração de cada estágio individual é muito longa e não tem variações nos desenhos, o que torna todo o aspecto visual cansativo.

Visuais repetitivos e simplórios tiram um pouco da emoção do jogo
Essa tela permanece assim por mais alguns minutos até o chefe finalmente aparecer

O design das três naves a serem escolhidas também tem suas falhas, apesar de usar três cores diferentes para não serem facilmente confundidas entre si, duas são exatamente iguais e uma tem a asa invertida como única diferença. A bomba de todas é igual, e o efeito de limpar a tela é completamente anticlimático. Por outro lado, as naves inimigas têm uma boa variedade em design de cada, seja visualmente ou em seus padrões de ataque. Apesar de pouca variedade, os inimigos são muito bem feitos em sua maior parte, alguns chefes são memoráveis.

Em jogabilidade as mecânicas decepcionam. O Heads-Up Display (HUD) fica fora da tela de jogo, e divide a atenção ao checar quantidade de bombas, vidas ou durabilidade. A total ausência de um placar ou qualquer indicação de pontuação também é contra a dinâmica do gênero, geralmente sendo incentivado a destruir o máximo de naves possíveis para conseguir o melhor placar, mas sem uma indicação visual clara parte dessa motivação some. A única menção a seu placar é feita ao terminar a tela, e nada mais.

As armas de cada nave são imutáveis, não podem ser alteradas ou melhoradas, o que leva a outra parte um tanto quanto estranha. Somente três pick-ups existem em Starexcess, reencher bomba, reencher vida, e reencher durabilidade. Todos servem apenas para repor algo que tenha perdido, fazendo com que não exista nenhum gerenciamento de recursos, qualquer gasto logo é reposto, e se você jogar defensivamente jamais será necessário se preocupar que eles existem. A falta de colisão com borda na tela também é uma decisão estranha, já que podem fazer com que sumam antes que o jogar possa reagir e pegá-los, desincentivando ainda mais usá-los. A variedade de cada nave também deixa a desejar, as três seguem uma regra de tiro forte/nave lenta e tiro fraco/nave rápida que pode ser trocado com um botão. Dentre as três opções, duas são idênticas, alterando somente qual tiro faz a nave se mover rápido.

Seus chefes começam interessantes e intrigantes, mas com o passar do jogo começam a ficar extremamente cansativos e derivativos. Seus padrões de tiro não mudam muito, alguns formam uma barreira intransponível que só pode ser evitada ao consumir uma bomba, e muitos tem uma vida tão grande que fazem da repetição seu único real desafio.

Uma das regras mais importantes dos bullet hells é seguida a risca, os projéteis tem a mesma cor para fácil identificação. Mas com um plano de fundo desses…

Porém, a maior falha na jogabilidade vem na inconsistência de sua hitbox o que consequentemente atrapalha o núcleo do jogo. De forma resumida, o gênero de shoot’em up de Starexcess é comumente conhecido como bullet hell, definido por chover balas inimigas na tela. As naves somente sofrem dano se o centro dela entrar em contato com um projétil, coisa que Starexcess faz, mas com problemas. Durante os encontros mais caóticos com os chefes é perceptível alguns contatos que não deveriam ter ocorrido. Isso atrapalha significantemente a responsividade e controle do jogo, fazendo-o parecer inconfiável.

Pros:

  • Vibe nostálgica para fãs de shoot’em ups.

Cons:

  • Visuais extremamente repetitivos;
  • Jogabilidade inconsistente;
  • Mecânicas de jogo desbalanceadas;
  • Estágios alongam por muito tempo e falham em se manter interessantes;
  • Interface de usuário precária com falta de funções essenciais.

Nota: 2/10

Plataformas:

  • PC (plataforma analisada).

Tudo isso somado com a total falta de customização dos controles, ajusta de volumes, ou outras opções básicas fazem com que Starexcess não consiga se sobressair em nenhum momento. Entre seu diálogo simplório, sua falta de opções, cenários e jogabilidade repetitivas, há muito pouco o que se aproveitar mesmo para os amantes do gênero.

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