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Cult of the Lamb – a saudade da independência

Já fazem alguns anos que jogos indie, que eram uma das minhas maiores paixões na indústria, pararam de me impressionar. Desde que os maiores títulos se estabeleceram no mercado, a diferença entre jogos AA e completamente independentes foi ficando cada vez mais borrada, e muitos jogos que passaram a chegar como verdadeiramente indies se focaram em gimmicks que foram popularizadas para atrair jogadores mais alternativos, o que acabaram banalizando todo o propósito da simplicidade destes lançamentos. 

Desde seu anúncio, Cult of the Lamb me cativou pela proposta que era sim, simples, porém com detalhes de jogabilidade que geralmente víamos isolados no mercado, e que mesmo testando-os em jogos que foram até populares no que fazem, como Don’t Starve e Binding of Isaac, sempre me pareciam incompletos – o que me fazia rapidamente os largar por experiências mais envolventes. 

Após muitos meses aguardando, recebi o mesmo para análise no Nintendo Switch, que encaixou muito bem com o momento de vida em que me encontro – quantidades excessivas de trabalho e tempo livre reduzido diante de inúmeros deslocamentos que estava tendo. Minhas sessões de jogatina estavam curtas, mas constantes, o que me permitiu por alguns meses jogar Cult of the Lamb, um pouco todo dia, vendo meu culto crescer exponencialmente, quanto mais eu me dedicava a seu crescimento.

Cult of the Lamb é um sandbox roguelite com elementos de life sim. Você é um cordeiro a beira da morte que no momento de seu sacrifício, é resgatado por uma entidade maligna que foi presa por quatro bispos da escuridão. Você se torna seu principal servo e desafia os quatro cavaleiros do apocalipse para libertar seu novo deus, enquanto o constrói um culto em seu nome. 

A construção deste culto é de longe o principal ponto deste jogo e talvez um dos mais divertidos. Você resgata outros animais das mãos das trevas e os converte para seu culto, onde o jogador determina a fé, as doutrinas, feriados e demais coisas que os compõe. O mesmo tem total escolha sobre o tipo de culto que quer construir – algo mais ao molde do semblante do mau, ou algo justo, divino e caridoso. Claro, seus seguidores irão seguir suas doutrinas, envelhecer cuidando de seu domínio, e suas escolhas determinarão seus comportamentos.

Além disso, um crescente mundo ao seu redor se torna parte do seu cotidiano. Outros vilarejos são descobertos, um mercado bizarro das mais diversas utilidades aparecem e diversas novas atividades que enriquecem seu culto. Isto torna o jogo extremamente cativante rapidamente.

A exploração e combate do jogo é viciante, divida em curtas sessões em mapas procedurais em diferentes áreas – floresta, pântano, mares, cavernas e outros tipos de lugares. Cada região é domada por um bispo maligno representando um cavaleiro do apocalipse. A cada um que você explora, sua maldição se torna tema do momento, trazendo doenças e desafios para o jogador.

O jogo te permite explorar e investir o quanto quiser. Ao se aproximar do final do jogo, houve um sentimento de que tudo já havia sido feito antes mesmo de concluir, o que apesar de ter tornado o final do jogo mais direto ao ponto, também tirou grande parte do impacto que o encerramento deveria ter. O jogo não oficialmente acaba, não, mas caso o jogador faça tudo que está sendo disponibilizado enquanto explora, um post-game se torna vazio e sem propósito.

PROS:

  • Combate envolvente;
  • Sandbox intuitivo e recompensante;
  • Trilha sonora deliciosa;
  • Mundo cativante;
  • Loop de jogabilidade facilmente adaptável ao jogador;
  • Temática bem acoplada à proposta.

CONS:

  • Post game sem propósito;
  • Bugs visuais extremamente evidentes.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam;
  • PlayStation;
  • Nintendo Switch (plataforma analisada, chave concedida por Devolver Digital);
  • Xbox;

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles9
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)9
História:Enredo8
Narrativa9
Arte:Gráficos8
Direção artística8
Audio:Efeitos Sonoros9
Trilha Sonora9
PortEstabilidade7
Otimização7
NOTA FINAL:8.3

Cult of the Lamb conseguiu me conquistar com o que Don’t Starve e Binding of Isaac nunca tiveram – que era exatamente um ao outro. Apesar de após seu fim, o fator de rejogabilidade diminuir exponencialmente, é fato que as 20 e poucas horas que tive em Cult of the Lamb foram algumas das mais divertidas com jogos indie que tive nos últimos 5 anos. É facilmente um dos melhores jogos que joguei este ano.

Engenheiro de Software, Game Dev e Criador de Conteúdo.

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