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Metal Hellsinger – Doom no Tatsujin

Shooters inspirados em Doom não são nenhuma novidade, porém Metal Hellsinger traz algo um tanto quanto incomum ao pegar quase a temática exata e misturá-lo com um jogo de ritmo tipo Taiko no Tatsujin. Pegando o combate frenético do gênero recentemente denominado “boomer shooter” e colocar um componente rítmico é algo que é mais divertido em prática do que em teoria, especialmente com o excelente trabalho da banda Two Feathers em criar uma música dinâmica para o jogo.

Metal Hellsinger – A premissa

Em Metal Hellsinger vivemos a história de Unknown, uma demônia cuja voz foi roubada pela Red Judge, a soberana do Inferno. Ela embarca numa jornada de vingança para recuperar a voz após ser selada nas profundezas do inferno por um tempo indeterminado. A história toda é narrada por Paz, a caveira que também serve como arma primária durante o jogo.

O jogo contém 8 telas, cada uma delas com uma música única que evolui conforme a performance do jogador. Em um modelo de avaliação a lá Devil May Cry, temos um multiplicador que vai de 1x, para 2x, 4x, 8x até 16x. A cada passo mais instrumentos são adicionados até chegarmos nos vocais com 16x. Cada tela é pontuada com um chefe com uma música de BPM parecida para que o ritmo seja familiar nos confrontos.

Metal Hellsinger – O gameplay loop

A princípio é um jogo curto, a história não dura muito e não é o foco, apesar de Paz ser um excelente narrador. Ao invés de focar em ser uma experiência linear, Hellsinger pende mais para o lado de jogo de ritmo e preza mais pela rejogabilidade do que uma campanha enorme cheia de caminhos alternativos ou segredos. Cada tela tem o seu placar e uma Leaderboard própria, e conforme se pega o jeito das músicas e o ritmo das armas é perceptível a melhoria no placar com cada repetição.

As primeiras 4 telas dão uma arma nova cada, e cada uma das telas (menos a última) tem 3 desafios estilo as runas de Doom ’16 que liberam mais habilidades para Unknown. É possível escolher o loadout antes de cada tela, com 2 armas e 2 sigils. Para simplesmente “zerar” o jogo tem de 4 a 6 horas de conteúdo, com cada hora adicional dependendo do quantos sigils o jogador querer desbloquear e quantas telas forem repetidas para melhorar o placar. Além de várias opções de dificuldade, cada uma com sua leaderboard própria.

Sobre os chefes

Cada tela tem um chefe no final, com uma música própria com o mesmo instrumental para que seja possível se acostumar logo na primeira tentativa. O conflito com os chefes, chamados Aspects, sempre é muito bem-feito. Com arenas bem trabalhadas, ataques variados e um bom ritmo (trocadilho semi-intencional) nas batalhas, suas boss fights são muito boas. Porém, há uma falha que é facilmente perceptível e um pouco decepcionante.

Até o chefe final, nas 7 telas você irá enfrentar exatamente o mesmo chefe, que é o mesmo modelo visto até mesmo no demo. Existem algumas diferenças estéticas entre elas, e realmente tem alguns ataques novos entre umas e outras. As batalhas não são exatamente as mesmas como são nos jogos de – por exemplo – Mad Max, mas é uma falta de variedade que poderia se esperar algo um pouco mais interessante.

Apesar disso as lutas se mantêm interessantes e desafiadoras o suficientes para não ser um verdadeiro detrimento a experiência

Metal Hellsinger – Artísticamente

E por fim, o jogo todo é amarrado por um design artístico coeso. As músicas são primariamente reminiscentes de Opera Metal, todos bem parecidos com o que se ouve na demo, então é fácil testar se é de gosto de cada um. Cada arma tem um ritmo próprio, mas cada uma delas funciona bem com as músicas, entre a movimentação e os “combos” próprios, há uma variedade imensa para se aproveitar em cada tela.

Visualmente o jogo é apenas suficiente. O level design é extremamente linear, o que é necessário tendo em vista que não se pode ficar esperando já que a música não para. Não há pausas para se explorar, secrets ou nada do tipo. São apenas arenas de combate atrás umas das outras enquanto se mantém o ritmo dentro do possível, então não se há tempo para parar e admirar o cenário.

A história em si, apesar de muito bem narrada, é um pouco desconexa. Parece que pula algumas coisas importantes, e as vezes conta partes crucias durante o combate o que realmente dificulta prestar atenção. Pelo menos não é o foco do jogo, e mesmo assim não é ruim por si só ao ponto de estragar um jogo cujo foco é o gameplay.

Em suma

Metal Hellsinger é um jogo com uma premissa simples e que a entrega com maestria. É um Doom cujo combate é ditado pelo ritmo de sua OST. Cada ação como atirar, recarregar, esquivar ou pular ganha eficiência ao ser feito na batida da música, e sua performance é avaliada ao final de cada tela. É um jogo curto cujo foco está na rejogabilidade. Seu preço nos consoles é um pouco alto pelo que oferece, o preço regional da Steam está mais justo pelo que ele oferece. Porém o jogo está disponível pelo Gamepass (no tempo em que foi escrito essa análise) e com certeza vale a assinatura ou pelo menos o tempo caso já tenha a assinatura. É um jogo excelente dentro do que se propôs a fazer.

PROS:

  • Combate frenético;
  • Boa expressão do jogador por loadout;
  • Excelente trilha sonora;
  • Design único e bem construído;
  • Estilo artístico e narrador cativantes;
  • Chefes desafiadores e divertidos…

CONS:

  • …porém pouca variedade nos chefes de fato;
  • Pelo design musical, as vezes é linear até demais e falta segredos ou rotas alternativas;
  • A história é meio desconexa as vezes.

PLATAFORMAS:

  • PC – MS Store (Gamepass, Plataforma analisada), Steam;
  • PlayStation 5;
  • Xbox Series.

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles10
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)10
História:Enredo8
Narrativa9
Arte:Gráficos8
Direção artística10
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora10
PortEstabilidade10
Otimização10
NOTA FINAL:9.5

Alguns jogos simplesmente te puxam com uma idéia simples e a executam bem. Metal Hellsinger não é uma surpresa, é um jogo que tinha tudo pra dar certo, e deu certo. O estúdio tem futuro se resolver perseguir esse modelo, e Doom tem um concorrente as alturas. Um bom jogo não precisa de muito as vezes, só uma boa idéia e execução. 🤘

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