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Alice Escaped – Chibivania de combate frenético

Dependendo a quem perguntar, metroidvanias são ou saturadíssimos no mercado, ou extremamente raros. As duas perspectivas dependem amplamente se a pessoa é ou não fã do gênero, porque realmente existem vários jogos a venda, mas uma parcela bem pequena é realmente notável. Alice Escaped! não é um caso de uma gema escondida que encantará vários jogadores, mas é uma adição boa o suficiente para quem gosta.

O estúdio responsável, illuCalab, é uma pequena desenvolvedores japonesa responsável por dois outros jogos (um deles sendo um jogo de kart  de Touhou para quem estiver interessado). Alice Escaped ainda não é um pulo drástico de qualidade acima desses outros dois projetos, mas não dá para se dizer que é um jogo ruim também.

Baseado fortemente na história de Alice no País das Maravilhas, vivemos a história de Usada e Kotora que encontram um livro estranho na biblioteca onde estavam estudando. Dentro do livro tem uma nota escrita “encontrem a Alice”, e são levadas para outro mundo.

Essa premissa não é nada de novo, mas tem algumas interpretações diferentes da fábula que podem ser interessantes para alguns. Independente disso, a história como um todo não é algo que seja notável, por bem ou por mal. É o suficiente para contextualizar o jogo e nunca atrapalha o ritmo de jogo, o que já é ótimo.

Onde realmente o jogo chama a atenção é pelo gameplay. Logo de cara as personagens já dispõem de um dash extremamente eficiente. Uma técnica de movimentação boa é um dos pilares de gameplay do gênero, e Alice Escaped não tarda em deixar o jogador acelerar por tudo conforme der vontade. Existe uma move tech simples a ser descoberta que permite truques ainda mais exagerados, mas mesmo sem ela a movimentação ainda é absurdamente satisfatória.

A exploração em si não é nada surpreendente. A progressão é não-linear como de praxe para o gênero, mas nunca se desbloqueia uma nova habilidade que abre novos horizontes. Os dashes iniciais é tudo de necessário para se completar o jogo inteiro. Todo o resto são itens e chaves que não influenciam em nada diretamente no gameplay.

Com isso, o jogo coloca um foco imenso no combate para fazer a jogabilidade brilhar, e ele não decepciona nesse quesito. É possível trocar entre as duas personagens a qualquer momento, as duas tem as mesmas habilidades de movimentação, porém barras de vida separadas e um kit de armas bem distinto.

Usada é a especialista em combate de curta distância e, obviamente, a principal fonte de dano das duas. Kotora usa uma minigun que serve para manter combos a distância e possui especiais ótimos para virar a batalha em favor do jogador. O kit de Usada é extremamente satisfatório de se usar, em muitos aspectos lembrando o Zero da série MegaMan. Mas o combate também incentiva a troca freqüente entre personagens para a máxima eficiência.

A pior parte no quesito de jogabilidade são os visuais do jogo. A direção artística, apesar de ótimo para quem gosta da estética de anime/moe, acaba criando alguns cenários extremamente saturados de cor que dificultam os olhos a diferenciar o ambiente de jogo do ambiente de fundo. Alguns minutos de jogo é só o que precisa para se acostumar, mas é uma primeira impressão que pode ser desconfortável para alguns.

Também existe uma outra falha um tanto quanto inesperada: o jogo não pode ser pausado. Não existe nenhum conteúdo online, nem sequer é exigida para o jogo funcionar. Não existe nenhum motivo que justifique, mas o jogo não pode ser pausado em nenhum momento.

O que ameniza os problemas que isso poderia causar é o sistema de checkpoint usado. Ao invés do clássico modelo de saves espalhados, existem vários momentos onde o jogo salva e te retorna a cada derrota. Não existe nenhuma penalidade e o jogador carrega tudo que foi pego até então. O que também diminui as frustrações quando o combate começa a ficar surpreendentemente difícil. A segunda metade do jogo tem algumas batalhas que irão exigir maestria do jogador para completá-las.

Em suma, Alice Escaped vale a pena?

Para quem já gosta de metroidvanias com certeza é um jogo divertido por umas 15 horas (ou mais, se for pra pegar todas as conquistas), mas de resto não faz nada de realmente notável para que seja uma recomendação para todos. É um jogo perfeitamente mediano, mas não em um sentido pejorativo. Alice Escaped entrega exatamente o que promete, um metroidvania de estética chibi com um combate frenético e satisfatório. Talvez um pouco caro na economia brasileira atual, mas decente o suficiente para valer o dinheiro (e tempo) investido.

Alice Escaped! 1

PROS:

  • Combate excelente;
  • Movimentação rápida e responsiva;
  • Controles no geral são ótimos;
  • Decente em todos os aspectos de um metroidvania;
  • Uma variação interessante da história de Alice no País das Maravilhas.

CONS:

  • Por qualquer motivo é impossível de se pausar;
  • Não vai convencer ninguém que já não é fã do gênero a dar uma chance;
  • Tradução para inglês um pouco confusa as vezes.
  • Estabilidade geral do jogo poderia ser um pouco melhor.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam (Plataforma analisada);
  • Nintendo Switch (Página da eshop com problemas no tempo de publicação deste review).

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles10
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)8
História:Enredo7
Narrativa7
Arte:Gráficos8
Direção artística8
Audio:Efeitos Sonoros8
Trilha Sonora7
PortEstabilidade9
Otimização7
NOTA FINAL:7.9

OK, se tem uma coisa que Alice Escaped deveria moldar o gênero é… POR FAVOR comecem o jogo com dash. Um plataforma/metroidvania 2D sem alguma move tech logo de cara é como um carro sem rodas. Sim, isso se aplica a todos.

Alice Escaped! 2

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