Forza é uma franquia que constantemente vivia debaixo da sombra do principal competidor de outro console, Gran Turismo. GT atualmente vive um período de instabilidade com Sport sendo um dos títulos de pior reputação da franquia e com o sétimo jogo provocando a fanbase com exigência de conexão online até para jogar single-player e uma economia predatória de microtransações. Agora seria o momento perfeito pra Forza Motorsport tomar a oportunidade e ultrapassar. Porém…

O problema de promessas exageradas é que elas constroem uma expectativa que nunca vai ser cumprida. Uma lição que deveria ter sido aprendida em 2012 com Watch Dogs, mas aparentemente estamos fadados a repetir essa história na indústria de jogos. Forza caiu nesse exato erro e prometeu uma revolução que simplesmente não estava sendo feita.

E não é um simples caso de “precisa de uma máquina boa”, o jogo simplesmente não chega perto dos visuais desse trailer mesmo na melhor configuração. Além das falhas de otimização que faz o jogo rodar ruim até mesmo em máquinas com especificações bem acima do recomendado, até mesmo no melhor dos casos a iluminação e draw distance não chegam perto das promessas.

Certo, o jogo se vendeu em um marketing duvidoso. Não é o primeiro caso, nem vai ser o último. Vamos dar o benefício da dúvida e julgar o jogo pelo que ele é. Afinal de contas, até mesmo Cyberpunk – que teve um lançamento muito mais desastroso – ainda tem sua cota de jogadores defendendo que, apesar do péssimo marketing, ele é um bom jogo se julgado pelo que é e não pelo que deveria ser.

Infelizmente, esse não é o pit stop que o jogo precisa. Suas falhas vão além de gráficos e promessas. A otimização para PC está desastrosa, com quedas de frames constantes e uma instabilidade geral em vários aspectos do jogo. Até mesmo usando as configurações médias ou baixas não resolvem esses problemas. Os visuais são cheios de serrilhados, iluminação datada, modelos reutilizados e vários outros aspectos claramente visíveis até mesmo para o jogador mais casual.

E falando em casual, Forza tenta ser o Street Fighter 6 dos jogos de corrida. Logo de cara é oferecido milhares de opções de acessibilidade para incluir o máximo de pessoas que tenham o mínimo de interesse em um jogo de corrida. São excelentes opções, mas que infelizmente são inúteis quando o jogo falha em ser divertido o suficiente para casuais e não é “profissional” o suficiente para veteranos.

No ponto de vista de um novo jogador, Forza se recusa a largar a sua mão. As primeiras horas são repletas de várias cutscenes e tutoriais que não podem ser cortados. O jogo aparentemente te obriga a fazer 3 voltas de prática antes de cada corrida, fazendo com que cada pista precise ser corrida duas vezes seguida.

Nenhum campeonato ou modalidade é aberto para você até completar 5 corridas com o carro inicial. O jogo nem sequer deixa ver os carros que podem ser comprados para o modo campanha de início. Forza assume que já tem o seu interesse só por você estar jogando ele, e não é assim que as coisas funcionam para nichos como corrida ou luta. O começo do jogo é tedioso, e com certeza vai falhar em cativar novos jogadores.

Enquanto veteranos vão passar por todo esse começo sacal esperando chegar no verdadeiro recheio do jogo, só para perceber que Forza continua não fazendo nada além do mínimo no que se trata de simcades. Forza nem sequer evita as críticas mais freqüentes ao seu competidor, já que também tem componentes online para single-player e é recheado de microtransações e um grinding tedioso.

O sistema de upgrades e tuning até é uma melhoria em cima dos jogos anteriores, mas tudo permanecer trancado atrás de aproximadamente 15 corridas com o carro desanima sequer chegar a esse ponto. E mesmo supondo que você chegue, boa sorte quando precisar trocar de carro…

Mais do que nunca você é incentivado a ligar os guias de trajeto e segui-lo à risca. O XP de carro sobe dependendo da sua aderência a forma “correta” de se jogar. Para todos os jogadores que gostam de comprar um Sprinter Trueno e tuná-lo especificamente para drifts, sinto muito.

Você vai ser obrigado a jogar do jeito que Forza quer para sequer ter essa opção, e depois vai receber péssimas recompensas por jogar nos seus próprios termos. É um jogo de corrida que exige que o jogador siga o script dele. Muito se fala de opções de aceleração/freio automáticas, e direção automática.  E no caso essas opções estão presentes em Forza, mas dessa vez você é obrigado a jogar exatamente como elas mesmo se quiser manter elas desligadas. É um jogo sem qualquer variedade e que faz de tudo para restringir a expressão do jogador.

Para ser justo, o jogo tem suas qualidades. A inteligência artificial é a melhor que já esteve presente na franquia. A interface de usuário tem uma estética impecável. O próprio controle e física dos carros é o que se espera de um bom simcade. Mas esses pontos não “compensam” as falhas do jogo. Pelo contrário, elas são sufocadas por todas as falhas.

Forza não tem como ser um jogo esteticamente bonito quando frames vivem caindo e o gráfico mal sequer parece ser da geração passada. As melhorias na inteligência artificial mal são perceptíveis quando você é encorajado a jogar feito um robô. E a qualidade dos controles é irrelevante quando a progressão é lenta e tediosa.

E como se não fosse suficiente a progressão já ser lenta, o jogo conta com um bug que faz com que você tenha que refazer a última corrida, e isso acontece com freqüência…

Então… Forza Motorsport vale a pena?

As expectativas para o jogo já eram altas, sendo extremamente difícil de alcançá-las. Não só por causa da enxurrada de material promocional vindo da Microsoft pintando o jogo como uma revolução para a franquia e o gênero, mas também por ser a única alternativa moderna para Gran Turismo. Tokyo Xtreme Racer Drift, TOCA Race Driver, Project Gotham Racing, Project CARS; simcades não são mais comuns hoje em dia. Forza é uma de duas grandes alternativas para quem é fã do gênero, e boa parte desses fãs já estão insatisfeitos com a direção da outra opção. Infelizmente, nenhuma dessas expectativas foram cumpridas, mas novas decepções com certeza foram encontradas.

Forza pôs uma quantidade perceptível de esforço em parecer que é um simulador de prestígio. Infelizmente esse mesmo esforço não foi usado para transformá-lo em um de fato. É possível ter alguns momentos de diversão jogando-o pelo gamepass para quem já assina o serviço, mas pelo valor de compra é um jogo extremamente caro para o que oferece. Nem sequer é o tipo de jogo que valha a pena assinar o serviço caso você não o faça ainda. Pior do que simplesmente ser “ruim”, Forza Motorsport “8” é esquecível.

PROS:

• Uma melhoria na IA comparado a antecessores;
• Bons controles e física para um simcade;
• O tuning de carros até é bem feito quando não é limitado pelo Car XP;
• Excelentes escolhas de acessibilidade.

CONS:

• Muito mal otimizado;
• Gráficos sofreram um visível downgrade comparado com os primeiros trailers;
• Modelos de carros continuam sendo reusados;
• Todo o design de áudio é medíocre no melhor dos casos;
• O sistema de lvl por carro desencoraja variedade;
• Bugs que acarretam em perda de progresso são constantes.

PLATAFORMAS:

• PC – MS Store (Gamepass, plataforma analisada), Steam;
• Xbox One /Series.

NOTAS:

Jogabilidade:	Qualidade dos controles	8
	Design (Dificuldade, Level, Criatividade)	7
História:	Enredo	4
	Narrativa	4
Arte:	Gráficos	5
	Direção artística	6
Audio:	Efeitos Sonoros	3
	Trilha Sonora	3
Port	Estabilidade	5
	Otimização	5
NOTA FINAL:		5.0

Honestamente eu estou bem decepcionado com a direção de Gran Turismo desde o sexto game. Sport e 7 em particular são jogos que eu realmente não gostei. Com Forza “resetando” a sua numeração e pondo boa parte do seu marketing pintando ele como uma revolução para a série, eu realmente esperava que ia ser o momento que eles precisavam pra finalmente sair da sombra de GT. Infelizmente, a falta de um número não simboliza um novo começo. É simplesmente um retorno à estaca zero. Como a Microsoft repetidamente sabota suas próprias franquias de peso eu não sei, mas se continuar assim é melhor só investir em jogos menores mesmo como Pentiment e HiFi Rush.