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Children of the Sun – E se snipers fossem como sinuca?

Children of the Sun é um jogo um tanto quanto estranho de se descrever. É um jogo de sniper, mas também não é um jogo de tiro em terceira pessoa propriamente dito. É um quebra cabeça, mas sua montagem é pouco ortodoxa dentro desse gênero.

Children of the Sun - main menu

O culto de “Children of the Sun”

Vamos por partes então. O jogo se descreve como a história de uma garota que está em busca de vingança em cima de um culto. A história não evolui muito além disso. São 26 telas onde cada uma delas tem um vídeo curto no começo que expande a história.

“Expandir” pode não ser a palavra certa contudo. São flashbacks caóticos que tocam rápido demais e sem diálogo qualquer. E também estão fora de ordem. É possível entender a idéia por trás da história, mas sua forma de contar acaba gerando mais desinteresse do que intriga.

O que é uma pena, porque a história realmente tenta abordar alguns temas bem pesados. Existe uma idéia legal por trás de tudo, mas ela é contada de uma forma nauseante, e mesmo depois de desenrolada ela não oferece muito além da descrição dada pelo desenvolvedor.

Estética

Por outro lado, uma coisa que Children of the Sun se sobressai com maestria é na direção de arte. Como a história trata de alguns temas pesados e a protagonista claramente sobre de TEPT-C, seu uso de cores saturadas, visuais cartunescos, polígonos rudes e luz volumétrica todos trabalham em conjunto para criar uma atmosfera perturbadora. É como se fosse uma mistura de Hotline Miami com Superhot e um toque de psicose.

Children of the Sun - sunset

E essa maestria em arte se estende para o design de áudio também. Apesar do próprio tiro da sniper não ser o mais satisfatório (Rainbow Six Vegas e Sniper Elite ainda reinam nesse quesito), todo o áudio do jogo fomenta ainda mais essa estética. Um som alto e pesado no momento que se mira a arma, o som de ambiente distorcido, o barulho de impacto nas balas e o som de explosões.

Children of the Sun - clipping

Mas independente da direção de arte ser excelente, o jogo peca um pouco no que se trata de qualidade gráfica. Mesmo partindo da premissa que Children of the Sun propõe, ainda não é desculpa para erros de clipping onde objetos atravessam uns aos outros e um péssimo uso de anti-alias deixa o jogo extremamente serrilhado as vezes.

Gameplay

O mais estranho de se acostumar, é que o jogo inteiro é jogado apenas com um mouse. Até mesmo o movimento da garota é puramente controlado com mouse, o que as vezes é inconveniente. Por qualquer motivo, o controle não tem essa limitação e usa os dois analógicos sem problemas.

Todas as ações que o jogador pode fazer são: andar em um trilho; mirar; zoom; e duas funções extras que são liberadas com o tempo mas usam o mesmo botão. A movimentação da personagem é completamente restrita a 2 dimensões, com o jogador só podendo se reposicionar em círculo ao redor da arena enquanto procura o melhor ângulo para o tiro.

Mais para frente, o jogo coloca algumas telas onde a sua movimentação é restrita em apenas um quarto da arena para mais desafios. Chega um certo ponto que inimigos nem sequer estarão visíveis na sua tela…

…e com isso, dá para explicar a principal mecânica do jogo. Cada tela OBRIGATORIAMENTE precisa ser feita com apenas um tiro. A “Garota” tem poderes telecinéticos e consegue reorientar a bala cada vez que ela acerta um inimigo. Uma única bala é usada para “ricochetear” entre todos os inimigos.

O jogo não tarda em aumentar a complexidade. Afinal de contas, mesmo podendo reorientar a bala com cada acerto, ainda estamos falando de uma linha reta, certo? Não tem como complicar muito além disso. É aí que o jogo permite você faça pequenos ajustes na trajetória da bala antes dela atingir alguém.

Top 10! Uhul!

Eventualmente as telas são apartamentos e prédios de vários andares com inimigos dentro de quartos e sem qualquer campo de visão entre eles. É necessário curvas e uso de ambiente (como escala em pássaros e tanques de gasolina) para sequer ver todos os alvos. Perto do final, completar a tela já é desafiador, mas durante todo o jogo as telas tem seu placar individual e uma leaderboard como motivação para rejogar a mesma tela.

Afinal de contas… Children of the Sun vale a pena?

Esse é um jogo estranho. É um quebra-cabeça bem único, sua originalidade e excelente direção artística valem a pena para entusiastas com certeza. Por outro lado, é um jogo de 26 telas que pode ser feito 100% em menos de 8 horas. E a rejogabilidade também não é excelente. Depois que se acha a solução pra uma tela, o único motivo para rejogá-la é para quem gosta de melhorar placares e entrar na leaderboard, o que não são muitos. Por mais que ele ofereça uma experiência realmente única, existem indies que oferecem mais tempo de jogo por um preço menor do que Children of the Sun. Depende muito do que se procura.

PROS:

  • Puzzles inovativos;
  • Excelente direção artística;
  • Ótimos efeitos sonoros;
  • Viciante.

CONS:

  • Extremamente curto;
  • Há problemas na apresentação gráfica;
  • Alguns momentos de design frustrante.

PLATAFORMAS:

  • PC – Steam (Plataforma analisada, chave gentilmente cedida por Devolver).

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles10

Design (Dificuldade, Level, Criatividade)8
História:Enredo7

Narrativa4
Arte:Gráficos4

Direção artística10
Audio:Efeitos Sonoros10

Trilha Sonora8
PortEstabilidade9

Otimização9
NOTA FINAL:
7,9

É um jogo divertido. Infelizmente também é ligeiramente mais caro do que deveria. Muito provavelmente pela conversão do dólar, mas isso não tira o fato de ser possível comprar Lunistice E Pseudoregalia por menos e cada um individualmente oferecer mais tempo E rejogabilidade.