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HiFi Rush – Smokin’ Sexy Song Style!

 No final de Janeiro um jogo da Tango Gameworks (The Evil  Within e Ghostwire Tokyo) foi anunciado pela primeira vez… E lançado no mesmo minuto. O shadow drop de HiFi Rush foi um dos assuntos mais comentados nesses dias, e boa parte disso nem se deve a ousadia de lançar um jogo quase sem marketing, mas sim o quão despretensiosamente bom o jogo era.

Os prós e cons de um shadow drop desses é algo que ainda vai gerar muita discussão, mas sobre o jogo em si é inegável que a rápida reputação boa era justificada. HiFi Rush é um “clone” de Devil May Cry com uma mistura de jogo de ritmo, bem como Metal Hellsinger é um clone de Doom com jogo de ritmo também.

No que se trata de Hack ‘n Slashes (ou Character Action se preferir), o conceito de trilha sonora dinâmica e combos estilosos não é nada novo. Onde HiFi realmente se diferencia é numa excelente implementação de sistemas de ritmo ao combate do jogo. Mesmo para jogadores que não gostam ou não conseguem pegar o ritmo (piada semi-intencional) de jogos de música, HiFi faz de tudo para aclimatizar todos a suas mecânicas.

HiFi Rush - ritmo

Todas as ações são sincronizadas a batida da música automaticamente. Ataques, esquivas, pulos, e mais, são todos possíveis de se fazer sem estar em sintonia com a batida de fundo, mas você é recompensado por segui-la.

E não é algo difícil de se conseguir, existem uma quantidade absurda de dicas visuais espalhadas na tela do jogo. O heads-up display pulsa junto com a batida. Vários objetos como máquinas, árvores e plataformas “dançam” no ritmo certo. Os passos do protagonista sempre acompanham o BPM, e mesmo quando parado ele estrala os dedos para manter o ritmo na  cabeça. Ainda é possível até ligar um elemento de HUD adicional que mostra o tempo de ações, bem como Metal Hellsinger ou Bullets Per Minute, para guiar o jogador.

E é claro, fora a quantidade absurda de dicas visuais, o design de som também é perfeito para o que faz. As músicas são ótimas e a mixagem realça perfeitamente o tempo de cada batida. Até mesmo as músicas licenciadas, como Invaders Must Die por The Prodigy, são adaptadas para o jogo com excelência.

No aspecto de Hack ‘n Slash, não há muito o que se falar. É um esqueleto básico e funcional, não seria muita coisa sem a sua implementação musical por cima, mas não tem o que reclamar aqui. A única ressalva é um problema que o gênero todo costuma enfrentar: o powercreep das habilidades. De forma a manter o jogador sempre ocupado com golpes novos, são adicionadas várias mecânicas diferentes para serem gerenciadas ao mesmo tempo, mas no final de contas a forma mais eficiente de se jogar não é a mais estilosa de se ver.

De resto o jogo conta com uma boa dose de exploração nas suas telas lineares que liberam mais upgrades e podem facilitar a vida do jogador. Vários segredos espalhados para os olhos mais atentos, e uma boa quantidade de rotas bloqueadas por progressão que incentivam a rejogabilidade após zerar suas 12 telas principais.

Conforme mencionado, o maior problema do jogo na área de gameplay se dá na evolução dos golpes e design de inimigos. Eventualmente tem muita coisa para se gerenciar ao mesmo tempo e é possível escolher 2 ou 3 opções que resolvem tudo. É a melhor forma de se conseguir rank S já que o sistema de placar só leva em considerações algumas coisas mecânicas e não o quão “bonito” você joga. É uma deficiência infelizmente comum dentro do gênero.

Amarrando o resto do jogo tem uma excelente direção artística, com um dos melhores usos de cel-chading dos últimos tempos. A estética futurística e colorida complementa perfeitamente todo o design do jogo, desde a interface até os estágios como um todo. HiFi exala muito de um design old-school em tudo que faz. Até mesmo o gato parece vir da era onde todos os jogos precisavam de um mascote para fácil identificação. E 808 com certeza é um dos elementos mais memoráveis do jogo.

A história simplesmente está lá para contextualizar o que o jogador está fazendo, então ela é apenas suficiente. Todos os personagens são extremamente clichês – coisa que o próprio jogo tira sarro sobre – mas isso não faz com que Chai não seja irritante durante todo o começo do jogo. De fato, as vezes a história chega a ser piegas demais.

Não que isso seja um ponto negativo do jogo. Está fora do que se propõe e deixa bem claro isso. Aliás, é justamente essa falta de compromisso com uma história séria que gera alguns dos momentos mais hilários que um jogo já entregou. HiFi consegue ser genuinamente engraçado por não se levar a sério, e os personagens serem estereótipos simplesmente serve para realçar o tom de comédia que é o objetivo do jogo.

HiFi Rush - meta

Em suma – HiFi Rush vale a pena?

HiFi Rush já seria bom por ser um dos poucos jogos do gênero de Hack ‘n Slash, mas sua idéia de mesclar com jogos de ritmo faz com que se torne uma experiência única. Com um design old school, uma coesão artística perfeita, e um humor leve e despretensioso, o jogo se torna um clássico instantâneo.

PROS:

  • Perfeição em design de áudio;
  • Excelente OST;
  • Combate satisfatório;
  • Controles responsivos e intuitivos;
  • Estética incrivelmente bem trabalhada;
  • Genuinamente engraçado em seu humor meta;
  • Bom valor de rejogabilidade;
  • 808 já ganhou o prêmio de mascote do ano.

CONS:

  • Alguns incômodos pequenos no que se trata de história e carisma dos personagens;
  • Clássico problema de powercreep do gênero.

PLATAFORMAS:

  • PC – MS Store (Gamepass) (Plataforma analisada), Steam;
  • Xbox One /Series.

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles10
Design (Dificuldade, Level, Criatividade)9
História:Enredo9
Narrativa9
Arte:Gráficos10
Direção artística10
Audio:Efeitos Sonoros10
Trilha Sonora10
PortEstabilidade10
Otimização10
 NOTA FINAL:9.7

Sendo bem honesto, eu não sou o maior fã de Shinji Mikami. The Evil Within e Ghostwire Tokyo são dois jogos que no meu ver são superestimados, mas a versatilidade de um diretor/produtor de partir para jogos de terror e outros mais leves é impossível de não se admirar. Viewtiful Joe e God Hand são dois jogos entre meus favoritos de todos os tempos, é extremamente satisfatório ver a Tango Gameworks não se prendendo a um gênero, e ver que Mikami ainda é um desenvolvedor extremamente eclético e talentoso.         

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