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The King of Fighters XV – Expectativas despedaçadas ou alcançadas?

Após mais de uma década sob a direção Playmore que era focada em mobile e pachislots, a SNK voltou ao mercado de jogos depois de uma aquisição de outra empresa. Desde então, tivemos KoF XIV, Samurai Shodown, e agora KoF XV. Apesar do retorno, a empresa ainda não recuperou totalmente a sua glória de antigamente. Alguns problemas seguraram tanto KoF XIV quanto SamSho.

Para King of Fighters em específico, o XIV teve o “azar” de ser o sucessor do XIII. Sem desviar muito do assunto, KoF XIII é provavelmente um dos jogos de luta mais bonitos já feitos com um excelente pixel art e sprites. Porém isso veio com certos custos que afundaram a franquia monetariamente e trouxe seus próprios problemas no que se trata de desenvolvimento e balanceamento. O pulo para 3D ere necessário por várias razões, mas isso seria rejeitado pela fanbase independente de quão bom fosse.

Infelizmente, não são jogos que se possa elogiar os gráficos. O XV em particular é bom o suficiente para não impedir o bom proveito do jogo, mas é inegável que o 3D é comparável ao que a Capcom já estava fazendo com SFV em 2016, outro jogo cujos gráficos também foram criticados na época. E felizmente, o jogo alivia um pouco desse problema com uma boa direção artística. Os cenários estão muito bem-feitos, voltaram com a clássica introdução e fizeram uso das vantagens do 3D para isso. As animações também estão excelentes, especialmente para os Supers cinemáticos. O resultado é um jogo que não chama a atenção, porém também não atrapalha ou é desconfortável de jogar.

Partindo agora para a parte mais importante, a jogabilidade. KoF XV é exatamente o que se espera para fãs da franquia, continua sendo um legacy fighter que faz o que é esperado. Tem algumas novidades e nuances para se aprender se comparado aos antigos, mas alguém que jogou a 98 ainda deve se sentir em casa mesmo na XV. No geral, é um pouco mais acomodatício para novos jogadores, mas com ressalvas.

O jogo usa o novo sistema de input buffers que foram introduzidos no XIII, mas mesmo estando presente por 3 jogos a SNK ainda se recusa a ensiná-los. O modo tutorial do jogo é horrível e não ensina nada além do que cada botão faz, o básico do básico que é efetivamente um panfleto. O modo missão não é tão absurdo quanto o do XIII, porém ainda pede alguns comandos que apenas quem já sabe desses detalhes do jogo vai conseguir executar. Isso é uma falha imperdoável para um gênero que tem dificuldade em conseguir novos jogadores, especialmente para uma franquia como KoF que é de nicho fora da América do Sul. Há um sistema de auto-combos que serve como uma forma universal de gastar barra a partir de um soco fraco, mas não é o tipo de coisa que realmente incentiva pessoas a jogar, é apenas um paliativo enquanto se aprende um personagem novo. Pelo menos finalmente aprenderam a importância de um bom netcode, o que apesar de não estar entre os melhores da indústria, é perfeitamente funcional.

Para quem já conhece o jogo ou está disposto a procurar recursos externos para se aprender, é um bom jogo no que se trata de controles, mecânica e balanceamento. O jogo é divertido de se jogar e não há muito o que reclamar sobre seus controles e dinâmica. O modo treino é na média, porém um pouco decepcionante quando comparados a outros modos excelentes como de SFV, GG Strive ou TFH. Há uma deficiência de conteúdo single-player como de costume, com o modo história sendo mais do mesmo apenas com o bônus de liberar músicas na DJ Station.

O que nos leva para trilha sonora, o que é o maior componente do single-player desse jogo. Por si só, o XV tem uma boa trilha sonora. Não é a melhor da série, mas é acima da média. Tem algumas músicas repetitivas, outras esquecíveis e o resto ótimas. Mas o jogo contém um álbum quase completo de todas as músicas que já foram feitas para a franquia. Liberar essas músicas as habilitam para ser usados em qualquer modo de jogo ou simplesmente ouvi-las em um tocador de música próprio. Os requerimentos geralmente são fechar o modo história com times específicos, alguns detalhes podem ser encontrados na descrição da música que pretende desbloquear.

 Então, após uma extensa campanha de marketing com o slogan “estilhace as suas expectativas”, o que realmente esperar do The King of Fighters XV? Exatamente o que é esperado da franquia desde sempre. Bom gameplay, boas músicas, muitos personagens, mas nada realmente inovador ou que vá incentivar alguém que não tinha muito interesse na franquia para dar uma chance. É um bom jogo, mas com o gênero rapidamente evoluindo talvez as expectativas realmente deveriam ser excedidas para colocar a SNK no mapa de novo e rivalizar a Capcom no departamento de jogos de luta.

The King of Fighters XV é um bom jogo para fãs da série, mas um difícil de se recomendar para quem nunca teve interesse tanto na franquia quanto no gênero.

PROS:

  • Uma variedade de seleções de músicas até mesmo de jogos clássicos;
  • Movimentação e combate estão com o distinto sentimento de KoF;
  • Apesar de ainda ser um jogo de alta execução, seus controles estão muito mais acessíveis;
  • Excelentes modos multiplayer casuais e competitivos;
  • Netcode decente.

CONS:

  • Péssimo tutorial que não explica o que é realmente importante;
  • Modo treino abaixo da média;
  • Pouco conteúdo single-player;
  • Graficamente decepcionante para um jogo moderno.

PLATAFORMAS:

  • PC –  Steam (Plataforma analisada);
  • Nintendo Switch;
  • PlayStation 4/5;
  • Xbox One /Series.

NOTAS:

Jogabilidade:Qualidade dos controles8
Design (Balanceamento, Netcode, Mecânicas)8
História:Enredo5
Narrativa6
Arte:Gráficos5
Direção artística8
Audio:Efeitos Sonoros7
Trilha Sonora9
PortEstabilidade8
Otimização8
NOTA FINAL:7.2

Como entusiasta de jogos de luta e da FGC, é possível tirar bom proveito de KoF XV. Tanto KoF como Samurai Shodown são ótimos jogos que só estão sendo limitados por algumas péssimas decisões administrativas. Fazer um bom jogo é apenas uma de várias variáveis que ditam o sucesso de um jogo, e em um cenário que Guilty Gear Strive foi lançado, tem que se fazer muito mais do que apenas o necessário para atingir o sucesso.

Em outras palavras, o Rei não está morto, mas está descansando enquanto deveria estar agindo. Pode não ser a quebra de expectativa que queríamos, mas desejamos longa vida a ele do mesmo jeito.

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